Fotos incríveis, uma poesia

"Tire fotos incríves com seu celular com esses dois passos simples.

Passo 1: olhe. Olhe com atenção. Olhe a luz do sol caindo sobre a terra, as cores e formas ao seus redor. As pessoas, os animais e os objetos inanimados. Olhe através dos olhos de outros artistas. Visite exposições, leia livro de imagens, vá a shows. Olhe para o mundo e permita se encantar com a beleza que te cerca. 

Passo 2: Clique. Seu celular nada mais é do que uma câmera que faz ligações e ele está sempre com você. Nunca na história da humanidade pudemos fotografar tanto. Clique sem medo de errar. Clique para compartilhar o que só você está vendo. Clique para ver como as coisas ficam congeladas. Clique seu gato, seus amigos e as pessoas que encontra a caminho pro trabalho. Clique sua família, seu prato de comida. 

Olhe, clique e repita. 

Olhe, clique e repita."

📺 Tito Motta, fevereiro de 2025

Just do it

Esses dias vi um vídeo entitulado "já consumimos demais, agora tá na hora de criar". Eu, que tenho estado online há bastante tempo, já salvei várias ideias no Pinterest, Instagram, Facebook e até nos favoritos. A avalanche de ideias legais e soluções criativas pra problemas comuns parece finalmente ter me soterrado. É tanta coisa salva que mal me dediquei a pôr algumas delas em prática. E isso é normal, de certa forma. Um livro de receitas, por exemplo, raramente é testado do início ao fim. Não vivemos pra pôr truquinhos em prática, nossa vida é mais do que isso.

Como diz aquela música bonitinha do Mr. Rogers (You’ve Got to Do It), ficar imaginando como seria legal fazer algo nunca vai ser suficiente pra realizar isso de fato. Então, apenas faça! Foi isso que o rapaz do vídeo me fez perceber, que todos nós somos capazes de realizar muitas coisas, mas estamos nos escondendo atrás do comodismo, da preguiça ou da divertida tela do celular. O Darrow Miller falou uma vez que ele sempre olha pra uma criança imaginando que dentro dela existe a potencialidade de ser alguém extraordinário. Antes do extraordinário, cada ser humano é capaz de fazer e criar tantas boa, e parece que eu esqueci disso.

Uma das coisas que o rapaz do vídeo comenta, é que ele cometeu o erro de passar um ano lendo o máximo de livros que conseguia, com o intuito de aprender pra poder produzir. Só depois de um ano e muitos livros dpois, ele se deu conta que já tinha conhecimento suficiente pra criar bastante coisa. A princípio não seriam coisas geniais, ou do jeito que ele imaginava exatamente, mas seriam coisas reais as quais ele poderia refinar e melhorar. Por isso, faça.

Eu posso cozinhar, escrever, decorar, limpar, organizar, colecionar, explorar, conhecer, fotografar, gravar, editar, passar, listar, bordar, costurar, crochetar, viajar, vestir, reformar, conversar, resolver, ensinar, preparar, resumir, anotar, construir... Olhar pra uma tela cheia de informações e, confortavelmente parado, permanecer assim enquanto vê coisas bonitas, não é nada desafiador se comparado a uma página em branco. Mas é no movimento da nossa mente e do nosso corpo que vamos nos conhecer e ser conhecidos. Mantenha-se em movimento.

📺 You’ve consumed enough. God wants you to start creating

📻 You’ve Got to Do It, Mr. Rogers

Troque doomscrolling por journaling

Assisti o vídeo dessa moça que diz ter trocado o doom scrolling por journaling. A primeira parte boa disso é que ela não precisa se preocupar em agradar ninguém. Primeiro porque ninguém vai ver e segundo porque não tem jeito errado de escrever no diário. A segunda vantagem é que com um diário você é confrontado com uma página em branco que te desafia a escrever. Ao contrário de um app, que te enche de informações e estímulos. 

Mesmo que você ache que não tem o que escrever, se desafie a escrever. Você sempre terá uma experiência pra contar ou um comentário sobre algo que aprendeu. Escrever num diário nos ajuda a nos expressarmos melhor e compreender nossos pensamentos. É quando escrevemos que conseguimos ver o que estamos pensando, comparar uma ideia com outra e entender o emaranhado infinito que tem na nossa cabeça.

📺 journal to replace doomscrolling and stay sane

Penelope Umbrico

Penelope Umbrico, 2006. Revista ZUM
“Perhaps part of the beauty of taking a picture of a sunset is that while you are doing it it’s likely that a million other people are doing it as well – at exactly the same time. I love this idea of collective practice, something we all engage in despite any artistic concern, knowing that there have been millions before and there will be millions after. While the intent of photographing a sunset may be to capture something ephemeral or to assert an individual subjective point of view–the result is quite the opposite - through the technology of our common cameras we experience the power of millions of synoptic views, all shared the same way, at the same moment. To claim individual authorship while photographing a sunset is to disengage from this collective practice and therefore negate a large part of why capturing a sunset is so irresistible in the first place.”

Ver essa coleção de fotos me lembrou das várias fotos do céu que eu tenho salvas no Instagram. No fim das contas, são todas fotos iguais as outras, com uma leve variação aqui e alí. Percebi que por mais que haja uma habilidade de enquadramento e coloração de quem tirou a foto, o ponto principal é o céu. Eu mesmo posso tirar essas fotos e me reunir com todas essas pessoas que admiram o céu comigo. Com exceção do céu de Fortaleza, que é sempre especial.

Saudade

"Falta de rede de apoio, por vezes solidão, saudade. Sentimentos comuns a quem mora longe. E leia-se "longe" qualquer lugar que não seja perto do que também é nosso. Pode ser no interior do seu Estado, pode ser na Austrália.

Sabe qual a maior dificuldade de estar longe de quem se ama? Os sinais. São muito mais claros pra quem está longe do que pra quem está, pra quem fica. Chegam de maneira abrupta, rápida

Sabe o bebê que parece não mudar tanto diante da mãe que convive, mas parece ser outra criança depois de alguns meses pra quem nunca mais o viu?

Mês passado minha mãe veio pra casa me ajudar. Eu tinha uma viagem de trabalho e queria que ela ficasse com a Manuela. Havia uns meses que não nos víamos e, mesmo quando nos vimos, era muito rápido. Sempre correndo pra uma viagem de trabalho em Fortaleza ou até mesmo louca pra ver meus amigos – principalmente aqueles que via sempre.

Dia desses, aqui em casa, quando deitamos na mesma rede, peguei na mão dela e vi o quanto estava parecida com a mão da vovó. Não era mais a mão de esmalte vermelho da mamãe de quando ela se arrumava pra ir trabalhar. Era uma mão de mais senhora, muito, muito parecida com a da vovó quando brincávamos no quintal dela e ela dava pra gente cinco reais pra comprar pão. Era a mesma mão da mamãe, mas com marcas do tempo, tempo esse que não tenho visto passar. Apenas tenho a escutado falar que tem passado. Não tenho visto, tenho apenas constatado quando passa.

Assim como o cabelo do meu pai que está finalmente todo branco. Mesmo quando ele tinha 50 anos era pouquíssimo branco, sempre dizíamos que queríamos puxar a ele. E finalmente, aos 75 anos, está completamente branco. E eu não os vi embranquecendo. Apenas vi branco, completamente branco, esse final de semana, no aniversário da minha filha.

E essa, sem dúvida, é a maior dor de quem está longe. Não ver passar, não viver a passagem. Mas apenas chegar quando tudo já está, como um susto, tantas vezes de surpresa, quando, na verdade, já chegou.

Se um dia eu volto pra ficar perto deles, eu deixo pra outro dia. É complexo. Há outras passagens de tempo por aqui e por todo lugar. Algumas iremos perder, outras viver e outras apenas chegar. Esse texto é apenas pra dizer que, conscientes do que mais dói nessa distância, seja ela qual for, que a gente sempre perceba, mesmo não tendo vivido o caminho, o que chegou, o que está. E viva, perceba, aperte a mão, beije a cabeça branca até deixar de novo e esperar, o mais perto que der, a próxima chegada."

- Mila Costa, outubro de 2024

O meu corpo

"Não tenho medo de ver os seios crescendo e nem a barriga aumentando. Embora sempre volte para esse ponto... não. Não cresce outro ser dentro de mim. Cresce eu. Não tenho vergonha de crescer. As bochechas, coxas, braços, bunda crescem. Mulheres não podem engordar, eles compactuam. Há tantos dias escuto que estou precisando de uma dieta. Acho que são é as palavras cruéis que devem ser cortadas. Minha carne não, permaneço eu. Me reconheço na mudança. Mas, confesso, ás vezes bate fundo querer voltar aos quilos da adolescência. Mas olhe pra mim: sou uma mulher, respeito meus processos. Entendo meu corpo - que não me ilude em querer estar em outro. Me vejo cada vez mais forte. Entristeço com as roupas que tenho apego emocional. Elas não cabem mais em mim. Ou oposto. Eu não me adequo a elas, a eles, aos outros. Me encaixo em mim.

Relaxe, seu corpo se transforma.

Seu corpo te transforma. Esteja disposta a ser você, seja como você seja ou esteja sendo."

- Brenda Louise, Novembro de 2018

Espelho, espelho meu...

Grace Miceli, 2019

Interior

Na primeira vez que fui no Juazeiro do Norte, uma das coisas que mais gostava de fotografar eram as casinhas simples de interior. Pintadas de cal, eram todas em tons pasteís, variando as combinações aqui e ali, mas sempre as mesmas cores de casa de boneca. A arquitetura sempre igual de porta e janelinha, só mudava quando a casa era mais antiga e tinha as clássicas decorações na parte de cima. Como eu tava sempre em movimento, andando de carro, mal consegui parar pra tirar fotos melhores. Descobri que uma fotógrafa brasileira, Anna Mariani, viajou pelo Nordeste na década de 80 fotografando essas casinhas. Acredite se quiser, as fotos dela foram expostas numa famosa galeria de Paris. Uau! De onde essa galera no meio do interior tirou inspiração? Adoraria descobrir.


fonte 1. fonte 2. fonte 3.

Frannerd

Em 2018, a ilustradora Frannerd postou um vlog mostrando como fez uma coleção de roupas exclusiva pra ela mesma. Ela comprou várias blusas no brechó e ilustrou cada uma delas com seus próprios desenhos. Além dos desenhos dela serem fofos e super divertidos, eu fiquei fissurada nas camisetas porque elas pareciam pequenas obras de arte que ela iria vestir por aí. Na época eu também tava super epolgada com a ideia de comprar menos roupa, e a ideia de customizar roupas de brechó me pareceu genial. Ainda acho o máximo!
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📷 T-shirts.

Reflexos

"We were never meant to see our own faces, just blurred reflections in water. Until mirrors were invented, then cameras, then social media. We now see millions of faces every single day to compare ourselves to. But the difference is other people do not study your face like you do, they see you in moments and laughter. You are not an image. You are an experience"

- Jaycie's diary

Savings

Sempre que eu penso em mais alguma coisa pra comprar, eu lembro dessa frase que eu vi na casa da Ash Murad... "I have plenty". Quando essa frase não é suficiente, lembro de outra do James Joyce: "Tudo é caro quando não é necessário". Finalmente, se eu ainda quiser gastar no que não preciso, lembro de um versículo de Isaías: "Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz?". Preciso de muito pensamento positivo pra deixar de ser consumista! 

Exercício

Esses dias vi a entrevista de um famoso professor que há anos pesquisa sobre o câncer e fiquei impactada quando ele disse que nosso estilo de vida parece ter sido planejado pra ficarmos doentes. Entre críticas a nossa dieta, hábitos de sono e isolamento, ele acredita que estamos levando nosso corpo ao limite todos os dias. Mesmo sendo uma máquina tão poderosa, uma hora ela colapsa. Eu não trabalho mais fora, nem tenho costume de ir a academia ou praticar esportes, então estou mais sedentária e  preguiçosa a cada dia. Pelo que entendi da entrevista, é exatamente essa inércia que faz o corpo parar de queimar energia e pôr pra fora o que não deveria ter entrado. Fiquei pensando em como eu poderia incluir atividade física na minha rotina, sem precissr recorrer a uma monótona e depressiva esteira de academia. A resposta eu encontrei em um livro da Maria Montessori, pasmem!

"Sweeping the floors, changing the water in the flower vases, putting the little tables back in order, making the beds, setting the table for dinner, all these rational activities that organize are physical exercise. Anyone who has had to do housework and has experienced the subsequent fatigue knows how much movement is necessary to complete it. Specially today, people talk a great deal about the necessity for gymnastics and physical exercise. Here then are some exercise. Not the usual mechanical ones, but those that can be done for a good reason" - The child in the family, Maria Montessori

Como nunca pensei nisso? Nada me deixa mais cansada do que uma bela faxina. O sobe e desce pra tirar a poeira dos móveis ou o vai-e-vem pra varrer o chão às vezes é suficiente pra deixar a gente suado e tudo. Claro que não é uma atividade intensa, mas com certeza é suficiente pra manter a gente ativo em casa.

Reanimando cabelos cacheados

Toda mulher de cabelo cacheado sabe como é difícil ter que lavar o cabelo sempre que precisa dar uma arrumada melhor nos cachos. Por mais que tentemos todos os truques na hora de dormir, o cabelo sempre amanhece amassado e assanhado, e não tem pente que dê jeito. O jeito é fazer uma revitalização: borrifar o cabelo com água, passar um creme de pentear e definir de novo os cachos. O problema disso é que pra umedecer meu cabelo todo eu preciso de muitas borrifadas e uma meleca imensa de água e creme. Até que tive a ideia nada genial de umedecer o cabelo no banho e ainda no chuveiro passar o creminho. Quando saio, basta secar e modelar os cachos com a toalha mesmo e voilá! Meus cachos estão alegres novamente!