Escrever pra conhecer

A descrição do Instagram da minha prima é a seguinte: "Bob Dylan por Zé Ramalho - Quantos caminhos se tem que andar - Antes de tornar-se alguém? Vou registrar e descobrir". E realmente, ela posta com frequência sobre o que tem feito e vivido, como se fosse 2013. Eu amo, especialmente porque estamos longe e eu sinto muita saudade.

Essa ideia de registrar pra se conhecer - "pra tornar-se alguém" - me lembrou de quando ela me explicou que as crianças usam as brincadeiras de faz-de-conta pra recriar situações que viveram e assim comreendê-las melhor. Por isso bonecos são ótimos presentes pra crianças, porque essas brincadeiras são fundamentais pra elas entenderem um pouco quem são e do complexo mundo ao seu redor. Minha prima é pedagoga, então tenho certeza que ela é expert no que tá falando.

Entender isso me deu um sentimento enorme de alívio. Desde que aprendi a escrever eu tenho diários, tenho até hoje. Por muito tempo, especialmente nesses últimos anos dos meus 20, eu acreditei que escrever em diário era um costume adolescente que eu já deveria ter deixado pra trás. Frequentemente eu me questionava o sentido de escrever o que acontecia no meu dia, já que eu tinha uma vida tão comum. Graças ao amor da Victória pelo Bob Dylan, e aos pedagogos que fizeram essa maravilhosa observação sobre a humanidade através das crianças, eu entendi que eu registro pra observar de outro ângulo o que tenho vivido e quem estou me tornando. Na história da minha vida, que tipo de personagem eu sou? Quais caminhos eu andei, pra me tornar quem sou? Vou escrever e descobrir.

Um comentário:

  1. Adorei ler esse texto e ele me lembrou de que preciso escutar mais músicas do Bob Dylan, obrigada!

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