Regresso ao amor

Assisti The Good House (2021) por causa do Kevin Kline e da locação na praia. Gostei do cenário, da trilha sonora, das referências a cultura moderna, das piadas, da Sigourney Weaver (não paro de repetir esse nove na minha cabeça)... Menos do filme. A quebra da quarta parede não é natural e os comentários que ela faz são até dispensáveis. Tirando a protagonista e dois velhinhos, o resto inteiro do elenco é super chato, desagradável e arrogante. A trilha sonora é ótima, mas são músicas muito "épicas" usadas em cenas com pouca emoção. Não diria que foi uma perda de tempo, porque a protagonista é muito legal e parece ser a única pessoa com os pés no chão, mesmo que todo mundo ao redor tente dizer que é a mais problemática. E o cenário... Ah o cenário! Uma das coisas que mais me encanta nos filmes é como o ambiente é decorado de um jeito que conta parte da história. Nesse filme então, eu só conseguia me imaginar morando numa daquelas casas lindas. Mas só imaginar, porque a vizinhança... Uó.

Sra. Henderson Apresenta

Domingo passado assisti Mrs Henderson Presents (2005), escolhi por causa da Judi Dench. Foi legal assistir sem ler a sinopse e ser surpreendida com o desenrolar da história. Fiquei empolgada por saber que era baseado em uma história real. Justamente por isso, me parecia tão impressionante algumas escolhas da Senhora Henderson, não dava pra acreditar que uma viúva da sociedade britânica compraria uma teatro ao invés de joias e que usaria uma das estratégias de marketing mais chocantes de todas. Apesar de suas decisões serem moralmente questionáveis, gostei de ver uma mulher forte, decidida, que não se amedronta com facilidade. Ao mesmo tempo, romântica e sonhadora. Quando a amiga sugere que ela escolha um hobbie como bordar ou participar de caridades pra passar o tempo, ela reage com o tédio de um mulher a frente do seu tempo. Talvez viver na Índia, em contato com uma realidade que não passa nem perto dos contos de fada, a tornou assim? A ideia do filme gira um pouco em torno disso, do por quê ela diferente das demais senhoras. Embora eu ache que na realidade, a morte do filho não teve nada a ver com o estilo do seu teatro, parece ter sido algo inventado pelo roteirista pra gente compreender suas escolhas. E que escolhas! O melhor do filme não é a Senhora Henderson, mas as peças teatrais. Que cenas lindas! Não gosto muito dos musicais mais modernos, mas depois de ver esse filme eu adoraria assistir um musical dos anos 30. A música, as cores, a dança... Realmente um espetáculo. Quando começa a guerra e o próprio teatro é bombardeado, fiquei um pouco chocada de imaginar quão cruel e dura era essa realidade. E como a arte trazia um brilho de alegria naqueles momentos de tanta tensão. Não é um filme favorito, mas gostei demais!

Minha querida dama

Há alguns anos, comecei a ver My Old Lady (2015) com minha sogra num domingo à tarde, mas achei sem graça e desisti logo nos primeiros minutos. Toda aquela problemática imobiliária inicial me deixou desinteressada. Bobagem a minha! Ontem eu assisti o filme todo e amei! Curiosamente, é o terceiro filme sobre drama familiar que assisto, mas nesse caso foi sem querer. Começa como uma comédia, mas segredos e sentimentos vão emergindo até que um romance totalmente inesperado acontece. Eu realmente não esperava por isso, mas fiquei toda boba vendo as cenas românticas, torcendo pelo casal. Além das cenas super lindas em Paris e das canalhices do protagonista que é muito engraçado, o que mais gostei foram as cenas em que dois adultos revelam, como crianças, suas dores que nunca foram curadas. Parece que ninguém pode escapar da dor que é ter pais que magoam e abandonam, mesmo quem vive a vida perfeita, em Paris ou em Nova York. Em um momento em que mãe e filha discutem, a senhora fala "you're not a child!" e a filha responde "I'm your child", o que me fez perceber que em relação aos nossos pais, uma parte nossa sempre vai ser uma criança. É isso que o protagonista escreve no final:

"You look in the mirror, and you see an adult. But you have to look more carefully. There's a big piece of you that never grew up. It may have grown tall, but not up."

Pra mim, a mensagem que ficou é que a vida vai ferir a todos e que a "cura" não está dentro de nós, mas dentro de alguém, com quem a gente vai viver esse amor intenso que há guardado em nós. Amei! Acho até que gostaria de ler o livro, deve ser muito bom!

O jardim secreto

The Secret Garden (1993) é o segundo na minha lista de filmes com a Maggie Smith. Já vi muitas vezes, desde criança, e sempre que tenho uma desculpa pra rever eu aproveito. Eu amo a história e o filme como um todo. A cena de créditos iniciais em que duas moças vestem uma menininha é totalmente mágica e misteriosa pra mim. O enquadramento, a composição, as expressões, as cores... Acho muito linda, como um quadro em movimento. As cenas no jardim também são maravilhosas! Me pergunto quanto trabalho deve ter dado pra montar aquele cenário cheio de rosas desabrochadas, de cores diversas. Será que existe no mundo algum jardim assim?

A história e o desfecho sempre me tocam muito, porque eu me derreto com dramas familiares que acabam em reconciliação. Acho isso muito bonito, não só em filmes, mas principalmente na realidade. Dessa vez, tentei prestar atenção em outras partes da história, como o menino rico. Quando ele fala que quer ir no jardim no dia seguinte, e depois e depois... Me identifiquei tanto! Conheço a sensação de desejar ficar alegre pra sempre. Também é encantadora a cena em que ele diz que entende como um menino pode ter o universo na garganta, por mais impossível que pareça. Com certeza o diálogo que mais gostei foi quando ele diz que queria casar com a prima, porque queria ficar com ela pra sempre.

"It's like the story, the whole universe is in here. I'm certain it is.

I could marry you. [...] I want us always to be together."

Ah!!!! Que lindo!

Minimalismo... Eeeeww

O minimalismo é uma das piores invenções da década passada, pelo menos pra mim. Minha vontade é dizer que odeio, abomino, odilho o minimalismo e seus gurus com todas as forças, mas tô evitando dizer palavras como essas. Então vou dizer que estou muito brava, comigo inclusive. 

Eu sei que tem gente que fica guardando lixo em casa, que quando a gente vive pra comprar é possível que nossa casa fique muito bagunçada. Mas será que não dá pra ensinar a dar uma arrumadinha? Precisa convencer as pessoas a jogar tudo fora? Aaaargh

Vamos ao fatos. Desde que li o livro da Marie Kondo e assisti aquele famoso documentário na Netflix eu fiquei doida. Passava o dia procurando coisas pra dizer muito obrigada e jogar no lixo, talvez na esperança de que eu iria achar a paz interior ou a alegria ou uma casa que nem na revista. O que achei no fim das contas foi uma constante sensação de "valha... O que aconteceu com aquele livro que eu gostava tanto na adolescência? Ah... Eu dei porque não tinha nada a ver comigo".

Que pesadelo!

Pode ser que eu vire uma acumuladora agora? Pode ser. Whatever. Não quero mais que me digam "nossa, você é bem organizada". Espero que falem nas minhas costas "vixe como a Brunna é bagunceira". 

Sim, meu filho! Eu tenho história!

Segredos divinos

Fiz uma lista de filmes com a atriz Maggie Smith e Divine Secrets of the Ya-Ya Sisterhood (2002) foi o primeiro que assisti e amei! É uma história sobre amizade, erros, medos, reconciliação, compreensão, perdão e amor. É o tipo de filme que eu amo, sobre dramas da vida real, que é ficção mas nem parece e ainda super engraçado com personagens muito marcantes. Poderia ser a história de alguém que conheço, ou até um pouco a minha. E foi isso que mais gostei, poder ver nos personagens um pouco dos meus dilemas a uma certa distância e compreendê-los melhor. Os diálogos que mais gostei foram entre a protagonista e seus pais, quando ela começa a perceber que na vida todos se ferem e que com ela não seria diferente. Que como todos, ela vai ter que seguir com as memórias, boas ou más. Num dos diálogos o pai fala que "o orgulho cobre uma multidão de pecados", e pra que houvesse reconciliação, bastou que o orgulho fosse deixado de lado. Confesso que esperava uma cena de reconciliação poderosa e transformadora, como a de Esaú e Jacó, mas os personagens nesse filme não são tão divinos assim. O que mais me marcou, no geral, foi a relação entre mãe e filha. Entre muitas pesquisas sobre sono, alimentação, desenvolvimento e outras coisas que envolvem a vida de um bebê, acabo esquecendo que a relação de mãe e filha é muito mais de amor amor e amor. Percebi como são bobas essas preocupações terrenas, quando há algo eterno que precisa ser entregue aos nossos filhos, e aos nossos pais também. O amor nunca vai ser exagerado, carinho nunca vai ser demais. A cena em que ela relembra momentos felizes com a mãe, me fez perceber que de fato, o amor cobre uma multidão de pecados.

O violinista que veio do mar

Ladies in Lavender (2004)

Quanta delicadeza! Os personagens cativam não pelo que são ou fazem, mas pelo que sentem. É tão lindo! O drama se passa na maior parte pelos olhares. A praia, o jardim, a casa, são os outros personagens que assistem tudo.

Coin purse

Qual seria a forma realmente bíblica de administrar nossa renda? Eu que adoro uma aula sobre educação financeira, dicas pra fazer um bom orçamento e livros sobre economia doméstica, percebi que tudo o que se fala sobre o assunto é na verdade ganância e balela. Talvez, de fato, a Bíblia ensine a guardarmos um pouco do que ganhamos para sonhos futuros, sobre ter uma reserva de emergência, sobre quitar dívidas, sobre viver apenas com o que ganhamos e todas as orientações que esses grandes gurus dão (que no fundo não passa de senso comum). Mas existem três eventos registrados na Bíblia que me marcam muito mais: Jesus falando pro homem rico dar tudo aos pobres (Mateus 19), Jesus falando que a senhora que deu a menor oferta na verdade deu a maior (Marcos 12), e o mendigo Lázaro indo para o céu (Lucas 16). Tem também dois aspectos interessantes sobre Jesus: ele nasceu num estábulo (Lucas 12) e, quando adulto, não tinha onde repousar a cabeça (Mateus 8). E algo similar sobre João Batista: ele comia mel silvestre e gafanhoto (Mateus 3) e era o maior profeta da história (Lucas 11). Tem também a orientação do profeta que diz para não gastarmos no que não é pão (Isaías 55). Jesus também falou algo que quase todo mundo sabe: que não devemos ajuntar riquezas na terra (Mateus 6) e que é Deus quem nos dá sustento (Lucas 17). Entre tantos outros escritos que eu resumo em: generosidade, generosidade e generosidade. Desprendimento também. Tudo o que aprendo com educadores financeiros não tem nada a ver com isso. Eles ensinam sobre acumular, gerenciar e multiplicar. Ao que me parece, é loucura e vaidade passar a vida tentando gerar e acumular riquezas. É ganância querer tudo pra si e não dividir com ninguém, principalmente se alguém ao seu lado precisa e não pode ter. Mas não tem muitos educadores financeiros ensinando a dar dinheiro com generosidade e desprendimento, isso seria loucura, ninguém quer ouvir isso. Fechamos a Bíblia como o jovem rico, religiosos e tristes.

Don't play with that

Até onde eu sei, os únicos brinquedos que são realmente divertidos: os fatais. - Don't play with that.

Planners e diários

Hoje eu percebi a satisfação que é anotar o que eu li ontem no meu diário. Ao contrário da desmotivação que sinto quando anoto tudo o que quero ler amanhã, ou durante o mês etc. Jesus fala que devemos nos preocupar com o dia de hoje e isso é tudo o que a gente consegue. Hoje entendi isso um pouco mais. Quantas vezes me inscrevi em "planos de leitura", comprometendo o meu eu do futuro a ler, sendo que não faz sentido nenhum querer tocar o amanhã enquanto ele não chegar. Tantos planos e projetos são anotados no meu planner e eu sempre esqueço que o "eu" do futuro pode não dar a mínima pra essas ideias. O que fica, às vezes, são listas de afazeres não concluídas, me enchendo de culpa e desapontamento comigo mesma.

O diário, por outro lado, é o máximo! Lá está escrito o que li essa semana, os projetos que realizei, as coisas que fiz e vivi. O dia do meu casamento, o dia que minha filha nasceu, as noites em claro... E revivo um pouco das sensações encapsuladas naquele dia. Até o relato de projetos falhados trazem uma sensação boa quando leio, porque (como Thomas Edison) eu tentei. Ao invés de planejar, organize. E como diria a Lana, continue escrevendo pra achar a solução.

Lunch

No Brasil, todo mundo sabe que o almoço é a refeição principal. É quando a gente come arroz, feijão, legumes e carne. Todo mundo também sabe que lunch em inglês significa almoço, e não lanche. Qual foi a minha surpresa ao descobrir que os norte-americanos não almoçam, eles lancham. Ora ora se lunch não é na verdade um lanche. Já vi gente almoçando barrinha de cereal, cereal, legumes crus, wrap, sanduíche, asinhas de frango, iogurte, vitaminas, torradas com patê, sanduíche de pasta de amendoim e geleia... Qualquer coisa que um brasileiro normalmente comeria às três da tarde. 

Os que querem ser mais saudáveis, costumam comer salada ou sopa. Os que já chutaram o balde, comem pizza, mac n' cheese instantâneo ou cup noodles. Se temos a Macabéa por miserável porque ela comia todo dia cachorro-quente, imagino que essa mesma imagem não tenha o mesmo impacto para os norte-americanos. E não é porque eles não têm dinheiro pra comer algo melhor, mas porque em geral eles preferem gastar o mínimo de esforço e tempo possível pra se alimentar. 

Tudo bem, eles podem não ter as melhores ideias de pratos gostosos, mas sem dúvida eles têm as melhores ideias de como se alimentar em 5 minutos ou toda a sua família em 15. Atualmente, eu cozinho todos os dias, almoço e jantar, então eu tenho meu banquete brasileiro diariamente. Mas em breve eu retorno ao trabalho e vou voltar a almoçar de segunda a sexta a mesma refeição que eu preparei no domingo.

Em Help! What's for Lunch? tem mais de 500 comentários com sugestões reais e saudáveis do que as norte-americanas ocupadas comem no almoço. Amei as dicas! Algumas delas são:

Sandwiches

  • Sourdough, roasted cauliflower and goat chesse
  • Toast and scrambled eggs
  • Grilled cheese
  • Hummus, cheese, avocado and tomatoes
  • Brie, apple and toasted sourdough
  • Cinnamon-raisin bread and almond butter
  • Ciabatta, pesto, tomato and mozzarella
  • Boursin, lettuce, cucumber, sprouts and tomato
  • Eggs on a bagel
  • Bagel, cream-cheese and salmon
  • Rye bread, smashed avocado, cherry tomatoes
  • Marinated tofu, hummus, greens, pickled onions, cheese, grated carrot, cucumber
  • Hummus, arugula or lettuce, pesto, tomatoes, chese, roasted red peppers

Others

  • Smoothie de peanut butter, powder milk or whey, frozen banana, frozen berries
  • Snack plate with crackers, pickles or olives, cheese, apple and pistachios
  • Dense bean salad
  • Quinoa salad with cucumber, abocado, chicken or eggs

Presentes

Chegou a época de comprar enlouquecidamente. Chegou a época de procurar enlouquecidamente ideias do que comprar para presentear. Antes de casar e mudar de país, minha família facilitava o processo de dar presentes com o amigo secreto. Aqui, eu não tenho como dar presente a todas as pessoas especiais pra mim, pois são muitas. Quando tinha 16 anos, tive a ideia de fazer meus próprios chocolatinhos natalinos e dar um pacotinho pra cada amigo ou familiar. Eu tinha achado a ideia genial, até descobrir que presentes feito à mão também são caros. No fim, não dei nada pra ninguém.

Percebi que presentes, aqueles que deixam qualquer pessoa alegre, ao que me parece, são caros: flores, joias, chocolates, bebidas, uma tábua de frios bem sofisticada.

Se eu for próxima da pessoa, pode ser que eu tenha mais detalhes do que ela gosta de verdade e consiga dar algo menos genérico. Perfumes podem ser um péssimo presente, mas se você sabe do que a pessoa realmente gosta, é algo maravilhoso de se ganhar! Um quadro bem bonito com uma foto especial da pessoa é outro presente lindo! Vi essa ideia no filme The Family Stone (2005) e até hoje estou sonhando em ter minha foto grávida num quadro belíssimo. Pra quem gosta de cozinhar, um ingrediente muito fino que vem em vidros minúsculos é tudo de bom, ela vai apreciar cada pedaço.

Agora, presentes ruins são: livros, roupas, quebra-cabeça, cadernos ou canetas, objetos de decoração, qualquer item engraçadinho e de material barato tipo plástico que é totalmente dispensável. Tem também os presentes que eu provavelmente não pensaria em dar, mas já vi que algumas pessoas amaram: jogos, pijamas, cobertores, um sweater (claramente essa lista é pra quem mora no frio...).

Presentes bons são inúteis, mas são lindos. São coisas que ocupam pouco ou nenhum espaço na vida da pessoa, caso ela não goste. São coisas que todo mundo aprecia, mas que por ser caro a gente raramente gasta com a gente. São coisas que têm um tom de preciosidade, que é raro, único ou buscado de muito longe. É um jeito simbólico de dizer "você merece o que há de mais precioso e estimado na terra!".

Mise en place

Assisti Deck the Halls (2006) pra dormir, e dormi mesmo, nas duas vezes que tentei ver. Mas antes de pegar no sono, as cenas da Kristin Davis (a atriz que representa personagens americanos "perfeitos") cozinhando me deixaram sonhando. Normalmente, quando cozinho parece que todos os barulhos, alarmes, músicas, gritos de bebê e sons estridentes começam a tocar; tudo cai no chão, os utensílios estão sujos ou perdidos, minha roupa fica com cheiro de cebola e manchada de molho de tomate; o caos é tão grande que quando sentamos pra comer, o silêncio é gritante. Ver essa personagem cozinhando de blusa branca (e não só uma blusa, mas um casaquinho também), numa cozinha silenciosa, com frutas e legumes frescos ao seu redor, alegremente conversando com o marido enquanto cozinha me fez pensar se, pelo menos uma vez, eu poderia, pelo menos um pouco, cozinhar com a mesma tranquilidade. Sim, eu sei que isso é só uma cena inventada e totalmente montada pra nos enganar. Mas sonhos são assim.

Amanda

A Amanda é uma colega que conheci pela internet em meados de 2010. Ela tirava umas fotos criativas e muito lindas na época do Orkut e eu fiquei chocada quando soube que ela era de Fortaleza. Anos depois, ela fez o mesmo curso que eu, na mesma faculdade, mas em horários diferentes, então a gente não se via mais. Nesse período, ela postou no seu perfil do Instagram fotos muito legais da faculdade e de outros lugares "sem graça" de Fortaleza. Eu amo a criatividade e o olhar dela! Algumas das fotos parecem ter sido tiradas pela protagonista do Labirinto do Fauno.

Lilian

Outra amiga de Fortaleza que tira fotos muito lindas pro Instagram é a Lilian. Gosto como parte das fotos no seu perfil são na antiga (e saudosíssima) Livraria Cultura. Eu também amava ir lá! Em meados de 2015, era onde a gente ia pra encontrar músicas e livros legais, ou só passar um tempo rodeada de livros! E as fotos da Lilian me trazem de volta esse sentimento tão especial. Entre outras coisas legais de se fazer na minha cidade, como ir ao cinema, observar a copa das árvores e o céu sempre límpido, ir na praia, ou simplesmente comer no shopping. Até a festa de fim de ano na praia ela conseguiu capturar de um jeito bonito que me deixou com saudade!

Brooke Fraser

What To Do With Daylight, da Brooke Fraser (2003) é um dos meus álbuns favoritos de todos! Daqueles que gosto de todas as faixas, inclusive a ordem delas. Na próxima data comemorativa eu poderia inclusive me dar isso de presente que iria ficar super feliz! Apesar de não gostar muito do estilo atual das músicas da Broke Fraser, esse álbum de 2003 tem a simplicidade e qualidade das músicas da época. E a leve vibe praiana de uma australiana. Eu amo!

p.s. acabei de perceber como o design do verso dos cds são lindos! Certamente algo que infelizmente a gente perdeu um pouco com o streaming. Me lembrou a cena de um filme em que a moça fala que ao baixar um cd na internet não dá pra baixar a caixinha, a arte da capa, as letras... Concordo totalmente!

Noelle dança

Noelle Dança

  1. Way to be loved, Tops
  2. So good at being in trouble, Unknown Mortal Orchestra
  3. Colder & Closer, Tops
  4. Jupiter, The Marias
  5. I don't know you, The Marias
  6. Hunnybee, Unknown Mortal Orchestra
  7. Casio, Jungle (com Little Dragon!)
  8. Busy Earnin', Jungle

Dando uma olhada no perfil do Spotify dew uma jornbalista paulista chamada Stephanie Noelle, encontrei umas músicas muito legais pra colocar na minha playlist de La La Lady (inclusive quero escrever um pouco sobre essa playlist depois, gosto muito dela!).

Fã de polaroids

Sei o quão o Instagram é nocivo e como a maioria das pessoas tem mais opiniões más do que boas sobre ele, mas eu preciso admitir que eu gosto muito dessa rede social. Apesar de os marketeiros e vendedores terem tomado conta do nosso feed com propagandas sem fim (entre outras coisas chatas de se ver...), eu gosto da ideia de que qualquer pessoa é capaz de capturar algo bonito e ter tudo isso reunido em um só lugar. Realmente o Instagram tornou prática a atividade de ter uma câmera, tirar uma foto, editar, imprimir/revelar e pôr em um álbum. Claro, um álbum de fotos na sua estante é muito mais legal do que um álbum no seu celular, que precisa de internet pra ser apreciado. Mas com o Instagram isso se tornou tão simples que, de repente, várias pessoas começaram a compartilhar pedaços de beleza. Eu não tenho palavras pra explicar como isso é genial! Eu gosto, especialmente, de ver a conta de meninas criativas de Fortaleza, porque me gusta perceber que tem coisas bonitas na minha cidade, que em geral é feia e descuidada. Talvez foram essas meninas e suas fotinhas cheia de filtro vintage que me fizeram gostar tanto da minha cidade natal e, mais ainda, me identificar com ela. A maior de todas e minha favorita é minha prima, que tem um olhar atento pra encontrar coisas bonitas. Sério, andar com ela em uma loja é abrir meu olhar e perceber a quantidade de roupas lindas que se escondem no meio de várias tendências esquisitas. Vou deixar algumas fotos dela de inspiração aqui, espero que com a ajuda do olhar apurado dela eu possa, eventualmente, treinar o meu!

Não apague...

"This writer that I know once told me this great thing. He said every five years he realizes what an asshole he was five years ago. Every five years like clockwork he goes "Man, I was such an asshole five years ago". So if we accept this that means everything we think and feel and say now in five years will just be... embarrassing."

[Happythankyoumoreplease (2010)]

Esse trecho é um dos meus favoritos, eu me identifico completamente e concordo com essa teoria. Há alguns anos, eu olhava pra esse blog com extrema vergonha. Mesmo que ninguém lesse minhas postagens, eu tinha um medo real de que alguém veria quem eu sou por dentro e riria de mim. Ou eu mesma ria de mim. Por isso apaguei a maior parte das minhas postagens, incluindo aí minhas próprias criações. Por que? Por vergonha... que motivo bobo. Pelo menos meus diários resistiram a esse sentimento.

A Fly Lady, uma das maiores motivadoras do destralhe, uma vez recebeu uma pergunta sobre o que fazer com os calendários depois que o ano acaba. Eu realmente imaginei que ela diria pra jogar fora, mas ela respondeu (meio irritada até), que eles não ocupam muito espaço e poderiam ser guardados. De fato, se eu, por 50 anos, tiver um calendário todos os anos, a junção de todos eles não é muito volumosa a ponto de não caber em uma gaveta.

Juntando essas duas reflexões, eu percebo que não deveria ter apagado muita coisas da minha adolescência. Primeiro, se isso me envergonha agora, após alguns anos essas mesmas coisas serão tesouros. Segundo, por mais que não tenha utilidade e pareça um amontoado de rubbish, se eu juntar tudo em um lugar não vai ficar tão bagunçado assim.

Por isso, por favor, não apague...

Minutos de sabedoria

Dentre as várias críticas ao Instagram, uma que me fez refletir hoje é aquela que em um story, respondendo uma caixinha de perguntas, não dá pra se dizer o suficiente. Costumo ver pessoas dizendo que em um story não conseguem dar respostas para dúvidas como "o que fazer para melhorar meus relacionamentos?", "como posso ser mais perseverante?"... E que pra obter essa resposta, o seguidor pode comprar seu novo curso. Não quero criticar essas pessoas por usarem essa estratégia pra vender algo, é uma profissão. Mas hoje percebi que na verdade, a sabedoria é tão simples que pode ser dita em poucas palavras, suficiente para caber em um story de Instagram. Algumas das respostas de Jesus têm poucas palavras e respondem a várias dúvidas profundas do ser-humano. Às vezes, são as pessoas que falam muito que dizem tolices e os demagogos que dizem mentiras.

O que tem na minha diaper bag

Essa bolsa eu comprei no brechó e por mais que seja uma mochila de notebook, eu tenho gostado mais dela do que das outras bolsas próprias pra bebê que ganhei. E ainda combina com meu estilo!
Nessa bolsa, levamos tudo o que a gente precisa pra trocar uma fraldinha. No bolso da frente vão paninhos, saquinho de lixo e um álcool em gel. Vi a Flávia Calina usando algo similar com seus filhos e imaginei que realmente seja uma opção mais prática.
No bolso de dentro, quatro fraldas, lenços umedecidos e pomada pra assaduras.
Essa bolsinha vem com um trocador junto que a gente usa bastante e nos permite trocar ela em qualquer lugar.
Levamos também uma bolsa com fraldinhas de pano, roupas extras e uma blusa extra pra mim. Essa mesma sacolinha tem um outro bolso em que a gente pode por roupa suja.
Minha carteira, onde levo documentos, chave...
Levo também uma garrafa com água, um cobertor, chupetas e um brinquedinho.

Truques de beleza

Essa semana li um livro de moda muito famoso no Brasil nos anos 90, que dava sugestões de como se arrumar bem e estar sempre bonita. Vez ou outra quando olho no espelho me incomodo com o que vejo e, me comparando com minhas amigas, penso que poderia me arrumar melhor. Acontece que essa tarefa não é tão simples, já que envolve entender meu corpo, buscar referências, entender meu estilo, organizar meu armário, adquirir peças novas... Uma série de coisas que exigem tempo e dinheiro. Eu queria poder melhorar minha aparência agora, sem ter que ficar filosofando sobre o que acho bonito, nem ficar calculando o que quero diminuir ou aumentar no meu corpo. Só quero me arrumar, pronto.

Percebi que existem duas coisas essenciais que precisam ser ajustadas antes de eu pensar em como combinar peças de roupa: os cuidados pessoais e da alma.

Os cuidados pessoais são aquelas coisas que se descuidadas, acabam com qualquer roupa bonita. Limpeza, cabelo, pele, unhas, dentes, cheiros... Isso é tão essencial e, infelizmente, tão negligenciado! Britânicos têm fama de ter dentes feios, franceses cheiram mal, outros não lavam o cabelo, alguns andam com roupa suja... Por mais elegante que seja uma roupa, nada esconde esse descuido! Esses cuidados devem vir primeiro.

Depois disso, vem o bem-estar de dentro. Entender que um sorriso é o acessório mais bonito, que o brilho no olhar substitui qualquer jóia, mãos que afagam são mais confortáveis do que tecidos finos, pés que se dispõem a acompanhar são mais preciosos do que qualquer sapato caro, palavras graciosas trazem alegria, e roupa nenhuma pode produzir esse tipo de sentimento.

Mesa posta

Minha avó paterna é uma mulher de Deus. Todo os dias, sua manhã é marcada por um momento a sós com o Senhor em seu quarto, de portas fechadas, como Jesus ensinou. Desde pequena eu a admirava, e ficava imaginando as preciosidades que ela conversava com nosso pai. Depois desse momento, ela sai do quarto e começa seu dia. Arruma a casa, cozinha, sai pra fazer compras... De tarde é seu momento de descansar, depois que tudo já está em ordem. Sua casa é sempre organizada e sempre pronta a receber. Durante um tempo eu almoçava e jantava lá, era um dos meus momentos favoritos. Sempre tinha uma comida gostosa, por mais simples que fosse. Eu tinha certeza que sempre que quando chegasse lá, seria bem recebida. Mas nem sempre foi assim. 

Quando ela não era convertida, sua casa era a maior bagunça. Com oito filhos, ela não tinha muita disposição pra deixar tudo arrumado e sempre pronta a servir. As coisas ficavam sujas e isso não era um problema muito grande pra ela. Sei disso porque ela me contou que antes de conhecer Jesus, sua casa era cheia de desordem, e ela comia em qualquer lugar. Mas depois que aceitou a Jesus, ela só comia à mesa. Essa frase me impactou tanto!

Ela me contou isso, exatamente esse exemplo da mesa, porque na minha casa era a desordem: ninguém comia à mesa, mas em qualquer lugar. Podíamos comer deitados na rede, sentados no chão, na sala de estar, até mesmo na calçada de casa. Comer juntos na mesa? Nem em jantar de natal. Essa desordem boba não era resultado da nossa pobreza, mas da inimizade entre irmãos,das brigas entre pais e filhos, da preguiça, do desejar e nunca trabalhar, da falta de paz, amor e esperança. Você imagina sentar na mesa com pessoas que não gosta? Imagina dividir uma refeição com quem brigou com você? Como arrumar uma mesa pra comer enquanto se abala pelo futuro incerto? Nós éramos famintos pelo pão da vida.

Quando minha avó falou isso eu percebi que Jesus é o alicerce da nossa vida e da nossa casa, que a partir dele nos tornamos alguém que vive e não apenas sobrevive. Sua palavra era complexa e misteriosa pra mim, mas passei a entender que ela se aplica a aspectos simples do dia-a-dia, como comer à mesa. Foi como finalmente entender a musiquinha do homenzinho torto. Jesus, quando convidado para nossa vida, é a luz que resplandece nas trevas. Ele nos faz sentir amados, nos dá paz com nosso pai e nos enche de esperança por um futuro certo. Nosso lar é totalmente transformado!

Me traz uma água?

Cresci na casa dos meus avós, morando com meus tios e tias que tinham entre 14  e 20 anos. Como todo bom adolescente, eles não eram muito gentis uns com os outros. Se alguém pedisse um favor, eles diriam com ironia "eu não, vai você!". Se alguém precisasse de ajuda, eles até se ofereciam, mas apenas enquanto isso não atrapalhasse seu bem-estar e conforto. Eu acabei achando que isso era normal. Achava que atender aos pedidos das pessoas era ser feita de boba e deixar que alguém se aproveitasse da minha boa vontade. Até que fui em uma casa que a realidade era diferente.
Estava na casa da minha tia com minhas primas, todas deitadas pra dormir. A mais velha pediu pra mais nova: "pega um copo d'água pra mim, por favor?". Meu pensamento foi "que folgada! Ela vai fazer a irmã se levantar só pra pegar água? Por que ela mesma não vai?". Qual não foi minha surpresa, quando minha outra prima se levantou e foi buscar a água. Ela bebeu, e as duas dormiram em paz. Eu fiquei chocada.
Esse pequeno gesto me ensinou muito sobre gentileza, sobre pequenos atos de carinho que fazem uma casa mais confortável do que todos os lençóis de fios egípcios do mundo juntos. Na minha casa, esse simples pedido seria respondido com ironia, criando um pequeno distanciamento entre os irmãos que pouco a pouco, veio a se tornar um abismo imenso.
Essa minha tia era cristã e foram situações como essa que eu pude observar como é prazeroso estar num lugar onde o amor de Deus é buscado e expressado em atos de carinho e serviço. Percebi que Cristo nos dá uma morada de verdade.

Lar, parte 2

No post anterior eu refletia sobre o que era essencial no lar. Eu escrevi basicamente sobre compartimentos e atividades que fazemos na nossa casa. Foi lendo o livro da Devi Titus que lembrei que existe algo ainda mais essencial na formação de um lar: os relacionamentos.

Todo mundo já ouviu dos pais a frase "é melhor aprender comigo do que com o mundo lá fora". As pessoas que não nos conhecem têm naturalmente uma desconfiança da gente, por não nos conhecer; e uma falta de afeto natural, porque não são próximas de nós. Fora de casa não é comum encontrarmos atenção, carinho e cuidado. Respeito, doçura, compreensão e amor são algumas das coisas que naturalmente esperamos receber em casa.

Minha filha acabou de nascer, há quase três meses. Mesmo tão pequena, muitas vezes o seu choro é consolado com um abraço, uma voz doce, um alimento dado com carinho, um banho relaxante, sorrisos... Qualquer ato desafetuaso a faz chorar ainda mais. Como alguém que acabou de chegar no mundo, ela deseja ser amada, e isso um bebê só encontra em casa. E é assim que a gente entende que essa nossa necessidade tão humana de receber afeto encontraremos naturalmente em casa.

É terrível o estrago causado por um casa ou família que não oferece isso, mas que nos trata tão mal ou pior do que as pessoas da rua. A falta de um afeto que vem do nosso lar nos desestabiliza, a ponto de procurarmos por isso nos lugares mais estranhos.

Sempre vejo vídeos sobre decorações de casa e arquitetura de mansões luxuosas que são o sonho de qualquer pessoa. Mas sem amor, esses prédios tão lindos nunca chegarão a se tornar um lar de verdade, nunca oferecerão o conforto e carinho que precisamos. Porque o que faz de um casa um lar é o amor.

Lar

Comecei a ler um livro escrito por um conhecido muito querido. Enquanto lia, fiquei imaginando meu amigo escrevendo, interrompendo a esposa pra ler um trecho, recebendo os filhos pra darem uma olhada em um novo capítulo, conversando com amigos durante o almoço sobre ideias e controvérsias... E isso me fez pensar que esse livro maravilhoso que estou lendo foi feito na casa dele. E aí entendi o que faz um lar.
Lembrei também de Maria, mãe de Jesus, que obviamente teve seu próprio lar com José depois que Jesus nasceu. A arquitetura e design de sua casa eram diferentes da minha, mas os elementos que faziam de sua morada seu lar, são os mesmos pra mim.
As pessoas vão dizer que um lar é um imóvel mobiliado e decorado com os mais variados itens, que precisam ser renovados a cada novo período. Mas isso é conversa de vendedor, que sabe criar necessidade onde não existe. Na realidade, os móveis e objetos devem vir conforme a nossa vivência for formando o lar. Por isso que algumas casas estilo showroom super bem decoradas me parecem tristes às vezes, porque não tem vida nenhuma ali.  
Um lar é onde nos sentimos seguros; é onde ficamos à vontade; é onde nos arrumamos para aproveitar a vida lá fora; é onde descansamos em paz; é onde conversamos e apreciamos aqueles que mais amamos; é onde preparamos e comemos refeições, sejam rotineiras ou especiais; é onde comemoramos nossas conquistas ou lamentamos perdas; é onde guardamos nossos "sentimental treasures" e itens de recordação; é onde realizamos nossas ideias; é onde temos ideias; é onde lemos livros, vemos filmes e ouvimos música; é onde fazemos aquilo que gostamos: tocar, costurar, desenhar, plantar, cantar... É onde a gente cresce e floresce.

Secret Style Icon: Anna Wintour e seu armário de cápsulas

Anna Wintour e seus vestidinhos me faz pensar em um jeito muito inteligente de se vestir bem. Como editora chefe da maior revista de moda do mundo, responsável por definir tendências há décadas, eu imaginaria que ela teria um estilo tão criativo quanto os looks que ela publica na revista. Curiosamente, ela tem uma espécie de "armário-cápsula". Mas ao invés de ter peças de roupa que combinam entre si, ela usa sempre o mesmo modelo de roupa com estilos diferentes. É como se toda temporada de moda ela fosse um exemplo de como os estilistas reinventaram o mesmo vestido. Achei uma ideia ótima! É legal porque ela sabe o que cai bem nela e não perde tempo pensando se está bem arrumada ou não e ainda é criativa nos looks. É como seu próprio figurino!

Uma casa simples

Seja na internet, tv ou em livros, existe uma variedade imensa de ideias e sugestões de como decorar uma casa. A cada ano surgem novos estilos e novos itens "essenciais" no mercado de decoração. Muitas vezes as novidades são o reflexo de como vivemos agora, adaptando nossos lares a cada nova fase da vida. Mas a maioria dessas novas tendências são fruto do mercado, que cria novidades pela aparência e não pela necessidade. Não estou fazendo mais uma crítica boba ao mercado de consumo, mas pensando no que é essencial pra construir um lar, independente do estilo.

Não estou pensando no que é essencial pra viver, que nem o minimalismo. Gostaria de saber o que precisamos numa casa pra vivermos bem? Me fiz essa pergunta logo que me casei e precisei listar o que tínhamos que comprar pra morarmos na nossa casa nova. Foquei nos básicos e fui adquirindo o resto conforme a necessidade surgia e até agora temos vivido bem, mas não temos muita decoração. Que tipo de decoração é legal de ter, pra que nossa casa pareça um lar e não um bunker? Que tipo de decoração realmente faz diferença e qual é apenas mais um produto da moda que não tem nada a ver comigo?

Enquanto pensava nisso, lembrei da casa em que cresci. Era uma casa muito engraçada, cheia de bagunça e desordem. A maioria das coisas foram doadas e não tinha nada, absolutamente nada, de decoração. Esse, no entanto, foi meu lar durante toda a infância. Essa casa passou por uma reforma e eu nunca mais vou voltar pra aquele lugar que às vezes eu amava e às vezes achava horroroso. Uma vez meu tio me disse que nossa casa não precisava ser tão bagunçada, que não era porque éramos pobres que não podíamos ter uma casa com cara de lar. Confortável, acolhedora, bonita, funcional... Um lar. Uma casa simples.

Tentei redesenhar a planta da casa e a decoração simples dos ambientes, para imaginar como seria meu lar. Sem recorrer a nenhum estilo de decoração e arquitetura, apenas mobiliando e decorando como provavelmente poderia ter sido.

Na área, vasos de planta da minha vó e roupas no varal. Na sala, sofás confortáveis, um banco no centro pra por os pés, um rack com tv, rádio, cds, livros e fotos da gente. O quarto da minha tia, com cama, abajur, guarda-roupa, tapete confortável e abajur. O quarto dos meus tios com duas camas, duas cômodas pra cada um e um quadro de praia na parede. O banheiro com potinhos coloridos pra guardar cotonete, algodão e as escovas de dente. A cozinha com uma mesa grande pra todo mundo se sentar e um quadro grande de quebra-cabeça que todos montaram juntos. A suíte dos meus avós, com um armário de madeira e fotos da família na parede. E mais um quarto de visitas, com uma vela cheirosa na mesinha de apoio.

Posso ficar um tempão imaginando esse lugar, que na minha infância muitas vezes eu sonhei em encontrar. Eu não queria uma casa super decorada, na moda e bonitona. Eu queria uma casa simples.

A Bíblia fala que a mulher sábia edifica a casa. Espero poder edificar minha casa simples e dar a minha família o prazer de rememorar um lar agradável.

A bagunça dos outros

Pensando sobre a origem das tralhas na minha casa, lembrei de uma categoria que vez ou outra aparece aqui: as coisas dos outros. Recentemente, minha família veio nos visitar e como as malas tinham limite de peso, algumas coisas precisaram ficar. Agora tenho duas sacolas grandes de coisas que eu preciso organizar em algum lugar. Antes que vire tralha!

Tem também os presentes e doações, que não se limitam a datas especiais, mas vão se amontoando ao longo do ano. Confesso que são as coisas que viram tralha mais rapidamente.

Só que por mais que sejam coisas que eu não escolhi e provavelmente não teria em casa se alguém não tivesse dado, não gosto muito de simplesmente descartar. Antes eu pensava que pra começo de conversa certos presentes nem deveriam existir na minha casa e por isso eu poderia jogar fora.

A ideia do minimalismo chegou a um ponto tão exagerado que às vezes achava que viver com menos seria a chave para o bem-estar no lar. Daí jogar esse tipo de coisa fora era meu primeiro pensamento.

Hoje, penso que posso procurar alguma utilidade praquilo ou simplesmente aproveitar o presente!

Quem eu seria se não estivesse tudo bagunçado

Na minha casa sempre tem um exagero de produtos de beleza e higiene que eu não consigo controlar, sempre vira uma bagunça. Entre presentes, doações, promoções, produtos milagrosos... Se acumula uma série de coisas que eu esqueço completamente de usar.  São chás que nunca tomo, roupas que nunca uso, material de artesanato que nunca faço... Quando comprei essas coisas devo ter imaginado uma Brunna que não sou eu. Eu achei que essas coisas tinham tudo a ver comigo e comprei, mas eu errei. E vira tralha. Hoje olho pra esse tipo de coisa tentando ter o mesmo pensamento de quando comprei: a possibilidade de me tornar alguém que quero ser. Ser alguém super cheirosa usando hidratantes bons, ser alguém que relaxa tomando um chá no fim do dia, ser alguém que come maçã todo dia usando um cortador de maçã bonitinho... São tantas possibilidades que eu imaginei pra mim, que não vão deixar de existir depois que eu jogar fora essas coisas que não tenho usado.

Esses dias vi uma série de organização da casa de uma moça (Space Maker) em que conforme ela ia reencontrando coisas que tinha comprado há muito tempo, ela ia usando tudo. A cada novo episódio seu cabelo estava mais bonito, ela se vestia melhor, sua pele estava mais jovem... A organização estava ajudando a ela ser a pessoa que ela gostaria de ser!

Não compre brinquedos

"Não compre brinquedos". Esse foi o conselho que uma colega de trabalho me deu pouco antes de eu sair de licença maternidade. Ela disse que provavelmente eu ia ganhar muitas coisas e que num piscar de olhos minha casa estaria lotada de brinquedos numa bagunça sem tamanho. Minha filha tem menos de três meses e posso confirmar, os brinquedos vão se amontoando aos poucos. Até agora, não comprei nada pra ela brincar e ela já tem várias coisas. Confesso que é difícil resistir a tentação de comprar mais uma pelúcia ou um chocalhinho, porque são muito baratos! E eu sempre acho que ela vai gostar, mesmo ela estando numa fase em que tudo o que ela quer é carinho.

Esses dias vi um vídeo de uma moça contando como foi o processo pra ela se desfazer da maior parte dos brinquedos dos filhos. No vídeo ela dá detalhes de todo o processo e fala bastante sobre a fixação com brinquedos educativos, e o que mais me chamou atenção foi ver que ela comprou vários brinquedos na ideia de que eles iriam estimular a inteligência dos filhos, mas que acabou percebendo que ela estava apenas estimulando o materialismo neles.

Quando eu era criança não tinha muitos brinquedos, mas ver as coisas que minhas primas ou colegas tinham me despertaram o instinto consumista. Eu não queria brincar, eu queria "ter". Minhas brincadeiras favoritas raramente envolviam ficar sentada interagindo com um objeto. Pega-pega, dançar, faz-de-conta, bicicleta, banho de chuva, pular corda... Era isso que eu gostava de fazer.

No vídeo a moça conta que ela percebeu como os filhos dela eram criativos nas brincadeiras, especialmente quando ela tirou a maioria dos brinquedos. Durante o tempo que fiquei no berçário da igreja, pude observar a mesma coisa. Os bebês dificilmente se interessavam por um brinquedo por muito tempo, eles gostavam mesmo do escorregador, de abrir e fechar portas e interagir entre si. Aquele amontoado de brinquedos às vezes só servia pra fazer bagunça. Inclusive já vi essa cena se repetir na casa de vários amigos com filhos! Um montão de brinquedos empilhados em um canto da sal, enquanto só um ou outro era utilizado.

Talvez conforme minha filha cresça e interaja mais, eu me empolgue pra comprar algumas coisas. Por enquanto, vou tentar seguir o conselho da minha amiga e brincar de peek-a-boo com minha filha.

Criar é melhor do que consumir

Preparar e saborear uma receita é muito melhor do que ver programas e vídeos de culinária. Dividí-la com pessoas queridas então... Tudo de bom!

Arrumar e decorar a casa, deixando-a cheirosa, confortável e bonita, é muito melhor do que assistir programas de decoração, ver um livro de decoração ou salvar fotos no Pinterest.

Se arrumar pra ir em um lugar legal ou se encontrar com quem a gente gosta é melhor do que ver fotos de looks ou coleções de moda.

Orar, louvar, ter comunhão, é melhor do que ler livros sobre isso.

Sei que tudo isso parece óbvio, mas eu preciso me lembrar que a parte mais legal é ver acontecer.

A caixa com tudo não existe

Por um tempo eu quis postar no meu blog tudo aquilo que eu encontrava e achava bonito. Eu queria ter tudo em um único lugar pra que eu pudesse rever quando quisesse uma inspiração. Fotos minhas, imagens do Pinterest, links de sites legais, listas de coleções de moda, fotos de coisas bonitas, playlists, citações, comentários de filme... Tudo, tudo que coubesse no formato de texto e imagem deveria ficar no blog. Eu costumava dizer que era como meu baú de tesouros.

Não deu certo. Tentei várias vezes fazer isso, mas sempre desistia. Percebi que o blog é um espaço em que você pode publicar textos e imagens, como um caderno, só que digital. Tantas vezes, com a mente borbulhando de pensamentos, recorri ao blog pra desabafar, refletir ou opinar, aproveitando da agilidade e praticidade de digitar no celular. Poucas vezes vim no blog pra rever uma coleção inspiradora ou ver uma casa que achei bonita. Minha insistência de fazer do meu blog uma "one stop shop" acabou com a identidade dele.

Agora, quando assisto um filme legal, escrevo no meu diário o que achei e se for muito bom, recomendo aqui. Quando vejo uma coleção que gosto, escrevo o nome da marca e da coleção numa lista ou salvo no Pinterest se der. Se tem um site legal, salvo nos favoritos. Minhas fotos estão em álbuns do celular. E por aí vai.

A nossa multiplicidade não caberia nunca em um lugar só.

Nada se vai

A avó do meu esposo é uma senhora de mais de 70 anos que tem a casa muito bem arrumada, tudo tem o seu lugar e a bagunça se limita aos armários e gavetas que estão sempre fechados. Tive a oportunidade de ajudá-la a organizar sua despensa e foi interessante perceber que mesmo tendo coisas guardadas há quase um século, não havia nada que precisasse ser descartado. Naturalmente, todo processo de organização começa com o famoso "destralhe", mas essa senhora não tinha tralhas. Como é possível?

Ela tinha fôrmas e Tupperwares antigas, meio amassadas e sem tampa, que ainda serviam bem, mesmo não estando com cara de novas. Por isso ela não precisava comprar uma nova, simples assim.

Na casa dela sempre tem um bolinho de tarde, então várias vezes na semana ela precisa untar uma fôrma de bolo. Pra isso ela usa um pincel tão velho que tem só metade das cerdas, mas que apesar disso funciona muito bem. Isso não quer dizer que é uma casa cheia de coisas velhas, porque ela cuida bem de tudo o que tem. 

Eu amo estar na casa dela! Não é que cada objeto tem uma história ou uma "memória afetiva" como os ricos brasileiros gostam de dizer, mas cada coisa ainda ajuda ela a viver e experimentar cada vez mais momentos alegres. Seja tomando um banho relaxante e se secando com um roupão antigo e bom. Seja indo passear com as filhas usando aquela sandália de coleções passadas que é muito confortável. Sua casa é o lugar onde ela se sente bem e recebe aqueles que ama, e não um museu ou showroom de tudo o que possui. Provavelmente ela nem pensa em tudo isso, mas é assim que eu percebo.

Eventualmente ela se desfaz de algumas coisas que não usa mais. Se não for lixo de verdade, ela da pra alguém, como um presente. Ela não trata suas coisas como entulhos que precisam desaparecer da sua vida a qualquer custo, mas como coisas suas, que vão servir mais um tempo na casa de alguém. O que custou o trabalho da sua família pra ser adquirido, não é tratado como "tralha" se ainda serve bem.

Com ela aprendi que dá pra usar tudo até o final, que nossas coisas são fruto do nosso trabalho ou de alguém que gostamos, e que se algo é tralha não precisamos gastar nosso dinheiro com isso. É o fim do destralhe!

Por que destralhamos?

Vídeos de pessoas destralhando suas casas e decorando um ambiente novo é o que mais aparece pra mim no YouTube, e às vezes eu mesma vou em busca desse tipo de conteúdo. Recentemente achei um programa chamado Sort Your Life Out, em que todos os objetos da casa de uma família são dispostos em um galpão enorme pra que a pessoa tenha o choque de ver quantas coisas tem. No fim, como todos os outros vídeos do mesmo estilo, o que restou é reorganizado em um ambiente bonito e funcional. A pergunta que faço é como e porquê a situação chegou a esse ponto. Qual o sentido de comprar algo pra jogar fora logo em seguida?

Primeiro, acho que consumir e comprar é um passa-tempo comum. Nossos passeios são em lojas, shoppings, brechós, feirinhas etc. Nosso tempo fora do trabalho é pra comprar. Digo isso baseado na minha realidade. Nesse ritmo, nossa casa fica pequena pra tantas coisas. Segundo, tem o fator do tempo. Com o passar dos anos, tudo o que adquirimos vai naturalmente se acumulando, até que não temos mais espaço pra tudo. Terceiro, as coisas quebram, ficam velhas, perdem o uso e acabam virando lixo.

Chega um ponto em que nós encontramos com um armário cheio de roupas, mas com a sensação que não temos o que vestir. Temos uma gaveta com vários hidratantes e produtos que nunca usamos. Dezenas de canetas espalhadas por todo lugar, mas nenhuma quando precisamos. Nós vemos obrigados a arrumar essa bagunça que fizemos.

Como fizemos isso? Durante um "festival de organização" como diria a Marie Kondo, será que lembramos porque trouxemos uma blusa que não nos veste bem pra casa? Ou por quê temos um pacote enorme de fermento biológico na despensa? Por que paramos de usar aquela bolsa de florzinhas linda? Qual sentimento vem quando lembramos da sensação boa de quando adquirimos um objeto que agora é indesejado?

Tenho pensado muito sobre isso. Espero poder escrever e pensar mais sobre isso. Quem sabe encontro uma resposta!

Worst cooks in America

Apresentado pela incrível Anne Burrell, Worst Cooks in America é melhor do que uma espécie de comédia em que vemos as coisas mais esquisitas sendo preparadas, e melhor do que programas em que cozinheiros profissionais tentam impressionar. Pessoas que realmente não sabem o que estão fazendo aprendem a cozinhar em poucos dias e é muito legal ver quando acertam e como evoluem rápido. Também é muito engraçado ver quando eles erram, porque eu pelo menos aprendo com os erros dos outros (ou me lembro de erros que já cometi!). As receitas são ótimas porque são criativas e fáceis de fazer na medida certa, então eu já peguei várias ideias de receitas legais pra fazer. Até agora, quero muito preparar uma salada chamada salsa cruda e um prato com lombo de porco empanado que eu nem sabia que dava pra fazer. De quebra ainda relembrei alguns ensinamentos essenciais da Anne Burrell: prove a comida, faça o mise en place, mantenha sua cozinha limpa e adicione sal(!!). Outras coisas que eu só vi nesse programa foi uma pessoa cozinhando um frango inteiro, um rapaz que cortou um frango com as mãos, uma porção minúscula de batata sendo cozidas em litros de água e outras maluquices que só alguém que realmente não sabe cozinhar poderia fazer.

Projeto Âncora

Há alguns anos, assisti o documentário Destino Educação: Escolas Inovadoras - Projeto Âncora e fiquei encantada! O modo como as crianças falavam bem e se apresentavam com desenvoltura me impressionou demais. Senti como se tivesse ido pra escola errada, já que sempre fui tímida e com muita dificuldade para expor minhas ideias. A escola é inovadora porque seguem um projeto de aprendizado para cada aluno, traçando um objetivo do que eles precisam aprender depois de um dado período. Pra isso a organização é bem importante, cada aluno tem um agenda diária do que devem fazer em cada aula. O conteúdo é passado de formato de pesquisa, dando a oportunidade de cada aluno aprender a estudar. As crianças são estimuladas de aprenderem qualquer coisa, então os temas de estudo são definidos com base nos gosto do aluno ou mesmo nos seus sonhos (uau!). Por não haver séries como nas outras escolas, os alunos estão sempre em grupo, respeitando a vez do outro falar e unindo-se para transformar algo. Achei genial!

Jantando com Schmucks

Numa quinta de bobeira, decidimos ver esse filme no Prime, provavelmente por causa do Steve Carell. Conta a história de uma amizade improvável, envolvida em funcionários snobs, romances malucos e desafios sem-noção. Eu diria que é razoável e provavelmente eu não recomendaria. Chega um ponto que o protagonista é muito irritante. Apesar disso, tem um diálogo muito especial em que o amigo chato fala que realmente soube o que a esposa pensava dele quando a ouviu falando sobre ele nas suas costas. Isso me deixou pensando sobre como não somos verdadeiros com as pessoas ao nosso redor, sendo covardes o suficiente para criticarmos quando não tem ninguém olhando. E, não posso negar, que o outro highlight são os cenários muito fofos feitos de ratinhos, que me lembraram muito do Fantástico Sr. Raposo!

Fotos Analógicas: Maria Augusta

Maria Augusta é uma ilustradora de Santa Catarina que usa câmeras analógicas pra tirar fotos dos seus passeios, amigos e outras coisas comuns do seu dia-a-dia. Numa época em que o mais comum é tirar múltiplas fotos iguais para escolher a melhor, fico encantada quando alguém consegue tirar uma única foto que fica linda. Normalmente os fotógrafos sugerem que, antes de tirar uma foto, a gente olhe pra uma cena e imagine como é a imaem que queremos. As câmeras digitais tornam isso muito mais fácil, mas infelizmente tira a parte da imaginação que, na minha opinião, é o que torna uma cena qualquer em uma foto especial. As fotos dessa moça representam exatamente isso pra mim!

flickr.com/MariaAugusta

Triângulo da tristeza

Assistimos Triangle of Sadness (2022) no Prime por sugestão de um amigo que sempre sugere filmes que nos fazem pensar. Vimos o trailer e já gostamos da ideia de ver algum tipo de crítica a indústria da moda. Qual foi a nossa surpresa ao chegar no fim e ficarmos dias conversando sobre as maluquices e perversidades do homem moderno - que talvez nem sejam tão diferentes das tribos mais rudimentares da humanidade. O filme conta a história de alguém que segue em tudo as imposições da moda e da sua classe social, até que isso esmaga o seu lado mais humano. O final é excelente e original, nos deixou teorizando por horas. As ironias, as críticas, o roteiro e o enredo são sensacionais - fora do comum sem dúvidas. Outro highlight é a atuação do protagonista, que já na cena do ensaio de moda - que aparece no trailer - me chocou com sua capacidade de fingir ser alguém totalmente diferente em milésimos de segundos. Certamente recomendo, mas com cuidado, algumas cenas são muito pesadas e um pouco chocantes. O que eu menos gostei foi que esse filme estragou meu fascínio por revistas de viagem! Não tem como ver uma foto de hotel de luxo e não pensar na podridão que esses lugares lindos tentam esconder.

River

Conheci a música River, de Leon Bridges (2015) em um seriado, que felizmente não lembro qual era, porque não era muito bom. O seriado não era cristão, mas essa música fala sobre alguém que tem se distanciado de Deus e agora quer encontrá-lo. Como alguém que quer ser levado por um rio de correntes fortes. Não que o rio vá levá-lo ao destino, mas o próprio rio é o destino. Na época que ouvi essa música, um amigo nosso nos falava constantemente, às vezes com lágrimas nos olhos, que o rio de Deus - mencionado no livro de Ezequiel - estava bem na nossa frente. Era nossa decisão molhar apenas os pés, ou os joelhos, ou entrar em um ponto profundo de entrega total. Em outros trechos da Bíblia Jesus fala que é a fonte de águas vivas, que de um modo milagroso fluirão do nosso interior deserto e sedento. Essas e outras reflexões me fizeram lembrar de músicas que falam do rio de Deus, dessa fonte que achamos nele. E pouco a pouco fui montando essa playlist, que amo. Playlist no Spotify: River

River

  1. River - Leon Bridges
  2. Encontro das Águas - Diante do Trono
  3. Queor as Águas - Thalles Roberto
  4. Water - Kanye West
  5. Ha um rio - Fernanda Brum
  6. Mulher de Samaria - Fernanda Brum
  7. Fonte de água viva - Bola de Neve
  8. Oceans - Seafret
  9. Waterfall - Jonathan Ogden
  10. Holy Waters - Tow'rs
  11. Just like waters - Ms. Lauryn Hill
  12. O cheiro das águas - Diante do Trono
  13. Águas purificadoras - Diante do Trono
  14. Ulysses - Josh Garrels
  15. Sobre as águas - Nívea Soares
  16. Holy Water - We the kingdom
  17. The River - Chris Tomlin
  18. Overflow - Chris Tomlin
  19. Flood Waters - Josh Garrels
  20. Something in the water - Broke Fraser
  21. Tua palavra - Aline Barros
  22. Manacial de águas vivas - Trazendo a Arca
  23. Água da vida - Guilherme Kerr
  24. Drenched in love - The worship initiative
  25. Além do rio - Álvaro Tito 
  26. Águas do trono - Fernanda Brum
  27. A Samaritana - Sérgio Lopes e Fernanda Brum
  28. O rio da vida - Sérgio Lopes
  29. O mar vermelho - Sérgio Lopes
  30. All who are thirsty - Vineyard
  31. Vinde a mim - Nívea Soares
  32. Holy fire - Vineyard
  33. Faz-me chegar - Vencedores por Cristo
  34. Deixa meu rio - Koinonya

Tapeçaria: Berit Engen

Em uma das edições da Rookie, a Tavi Gevinson falou da tapeçaria que a mãe dela faz, inspirada pela Torah. Ela é uma judia, que foi da Suécia pros Estados Unidos, e por meio da tapeçaria ela expressa essa parte importante da sua história. De primeira não entendi muito bem, porque são imagens abstratas, mas conforme fui lendo as descrições, fui entendendo um pouco mais o que cada tapete representava. A série sobre a história de José foi a que mais gostei, provavelmente porque foi a que eu entendi melhor. Essa história foi contada com palavras, sem muitos detalhes, porque o "público-alvo" já conhecia bem os costumes e dinâmica ao redor dos acontecimentos. Mas pra mim, sempre foi um pouco difícil imaginar os eventos sem recorrer a algum desenho ou filme sobre a história. Vendo os tapetes dela eu também não tenho muitos detalhes, mas de alguma forma ela transmite o sentimento.

BeritEngen.com

Os rejeitados

Encontramos The Holdovers (2023) na página inicial do Prime, a ideia de um filme moderno ter a estética exata de filme dos anos 70 nos conquistou. As cores, os cenários, as roupas e os diálogos são excelentes e muito bem feitos. Mas não é só isso que o torna um favorito, a história em si é ótima. É um filme muito bonito sobre entender melhor alguém que já julgamos conhecer completamente. Mesmo nós, espectadores, achamos saber tudo de cada personagem nas primeiras cenas. Mas com o desenrolar da história, a intimidade e a história de cada uma vai se abrindo. Me lembrou muito Ensina-me a Viver, outro filme sensacional dos anos 70, porque mistura diálogos engraçados com temas sérios e dolorosos. É um filme excelente e certamente recomendo. Não consigo pensar em algo que não gostei. Fiquei super feliz de saber que a atriz que interpretou a colega dos protagonistas ganhou um Oscar. Sem dúvidas é a personagem mais admirável do filme e que, seja com piadas ou em silêncio, nos toca profundamente.

De Vento em Popa

Conheci De Vento em Popa, de Vencedores por Cristo (1977) por sugestão do Spotify (às vezes o algoritmo acerta muito!). Eu era recém-casada, estava arrumando a casa nova com toda a empolgação enquanto uma playlist aleatória tocava. Quando ouvi "Sinceramente" pela primeira vez fiquei encantadíssima. Dias depois mostrei pro Arthur, que virou fã imediatamente. Amei a letra, os instrumentos, o ritmo, a capa do álbum... Meu deslumbre por Cristo tinha agora uma trilha sonora. Aos poucos o Arthur foi me mostrando suas favoritas e eu me encantei cada vez mais. Salmo 139, A Roseira, Mais Perto e A Preço de Sangue foram algumas que ele me mostrou e eu amei! As letras me tocam profundamente, colocando em poesia o sentimento de desejar o Senhor ardentemente, ou mesmo o sentimento angustiante de perceber que estamos longe do amado das nossas almas. O ritmo tranquilo é fundo de um sentimento ardente e intenso.

Fotos Analógicas: Beijing Silvermine

Thomas Sauvin é um francês que se aventurou em um centro de reciclagem de prata para resgatar alguns negativos de câmeras analógicas que seriam destruídos. Fazendo isso por mais de 15 anos, ele montou um acervo enorme e intrigante de fotos de desconhecidos chineses nos anos 80. Infelizmente não faço a menor ideia de como achei isso, mas tenho a impressão que foi em um documentário da NHK.

A estética dos anos 80, as poses e roupas malucas, me chamaram a atenção de cara. Vai ver os chineses não são tão diferentes da gente assim, porque já vi fotos muito parecidas em alguns álbuns da minha família. O especial dessas fotos é a despretensão de fazer uma foto super incrível e bonita, que servem simplesmente pra registrar um momento legal da vida dessas pessoas. Parece que o artista já expôs em alguns países e eu adoraria ir numa exposição assim, certamente ficaria admirando cada foto por um bom tempo. Essas fotos perdidas são como cápsulas do tempo de um momento no espaço e na história que só existiu uma vez. E não é como se fossem super bonitos ou geniais, mas são humanos.

Ficção Americana

Encontramos American Fiction (2023) na página inicial do Prime e, de algum modo, a capa pareceu um pouco confusa e eu achei que o protagonista era o cara doidão de Se Beber, Não Case. Como foi bom assistir e me surpreender completamente! A história e os personagens não são nada do que eu estava esperando, ou nada do que eu esperaria se eu soubesse o tema da história. Além de ser bonito e bem produzido, os personagens são profundos, falam e fazem aquilo que a gente não espera. Assim como a história em si, que toma rumos super originais. Fazia tempo que eu tinha a sensação que todos os novos filmes eram meio iguais aos outros (quando não eram remakes), e essa história nos prendeu a atenção e nos encantou o tempo inteiro. Confesso que quando descobri que ele tinha concorrido e ganhado o Oscar, soltei um "aaah! Faz todo sentido!", porque apesar de simples, é muito bem feito. Dois highlights que tenho que comentar: 1, as cenas na praia e as casa de praia são lindíssimas. 2, Ver o Jeffrey Wright e a Tracee Ellis Ross atuando é sempre sensacional. Ainda mais juntos!

Trilhas favoritas: Bridget Jones

Antes de qualquer coisa, preciso dizer que não recomendo esse filme. Mas como desde muito pequena eu assistia esse dvd com minha tia, essas músicas acabaram ficando na minha mente e hoje são favoritas. Tanto no primeiro quanto no segundo filme, a trilha sonora mistura músicas da época com clássicos de R&B - que é o estilo perfeito para amplificar qualquer emoção em filmes. Nessa lista coloquei minhas favoritas. Playlist no Spotify: You make loving fun

R&B

  • Can't take my eyes off you - Andy Williams
  • Respect - Aretha Franklin
  • Stop, Look, Listen (To Your Heart) - Marvin Gaye and Diana Ross
  • Me and Mrs. Jones - The Dramatics
  • Fly Me to the Moon - Julie London
  • I'm Every Woman - Chaka Khan
  • Someone Like You - Van Morrison
  • Ain't No Mountain High Enough - Diana Ross
  • Have you met Miss Jones - Robbie Williams
  • Lovin' You - Minnie Riperton
  • Pick up the pieces - Average White Band
  • What the World Needs Now Is Love - The Staple Singers
  • Sorry Seems to Be the Hardest Word - Mary J. Blige
  • Will You still Love Me Tomorrow - Amy Winehouse
  • I'm Not in Love - 10cc
  • Think - Aretha Franklin
  • Everlasting Love - The love affair 
  • You're the First, the Last, My Everything - Barry white
  • Let's Get It On - Marvin Gaye 
  • Your Love is King - Will Young
  • Everlasting Love - Jamie Cullum

Contemporâneo

  • Don't Get Me Wrong - The Pretenders
  • Love - Rosey
  • Super Duper Love - Joss Stone
  • Stop - Jamelia
  • Calling - Leona Naess
  • I eat dinner - Rufus Wainwright & Dido
  • Loaded - Primal Scream
  • I Believe in a Thing Called Love - The Darkness
  • Dreamsome - Shelby Lynne
  • Pretender got my heart - Alisha's Attic

Outros

  • Magic Moments - Perry Como
  • Up, Up and Away - The 5th Dimension
  • Every Bossa - Dick Walter
  • Christmas Green - Alan Moorhouse

Eloise no Plaza

Elosie at the Plaza é um filme que repetia vez ou outra na Sessão da Tarde e que sem dúvidas foi muito eficaz em me fazer sonhar em ir pra Nova York por muitos anos. Eu não lembrava muito da história até revê-lo há umas semanas atrás (achei de graça num serviço de streaming gratuito!) enquanto estava doente e meio pra baixo. E como fiquei animada depois de assistir...

Eloise é uma menininha de sete anos, filha de uma mulher rica que viaja muito, e que por isso mora no Plaza com sua babá, interpretada pela Julie Andrews. Por ser super rica, ela tem aulas particulares, come no hotel - e isso inclui refeições muito caras, como chicken Kiev - e tem um dos maiores quartos do hotel. Ah! E o quarto dela é lindíssimo! Amo filmes em que os cenários nos fazem imaginar ainda mais sobre os personagens.

Apesar de ter tudo isso, o que a Eloise mais gosta são as pessoas e das interações que ela tem com quem trabalha no hotel ou com quem é recém chegado. Nesse filme ela 

(aliás, fiquei apaixonada pela doçura da Julie Andrews como uma babá simples e amável, diferente da Mary Poppins com quem eu estava acostumada, mas igualmente firme com tradições, como uma boa inglesa.

Sarah Richardson

Uma das primeira temporadas de Sarah's House, de 2007, termina com a reforma da lavanderia. Um dos cômodos mais escondidos e bagunçados de todos, se tornou um dos mais agradáveis e bonitos da casa. Parando pra observar, não têm muitos itens de decoração, mas a organização e harmonia entre as cores deixaram tudo muito bonito.