25.5.25

Calgary book fair

Esse mês fui em uma feira anual de livros super legal que tem na minha cidade, a Calgary Reads Big Book Sale. A feira fica em um centro de treinamento de Curling (um esporte bem típico do Canadá), então imagine um galpão grande com mesas enormes e muitos muitos livros. Também tinha revistas, CDs e até DVDs. E tudo por no máximo $4, achei o máximo. 

Quem me recomendou foi uma amiga que é uma bookworm de carteirinha, mas infelizmente não consegui ir com ela. Acabei indo sozinha no último dia e por isso os livros mais "legais" já tinham sido comprados. Os livros são doados por pessoas, empresas e lojas, e quem organiza tudo são voluntários (seria meu dream vlunteer job?). Fiquei encantada com a organização dos livros, melhor que muitas livrarias por aí. Acabei comprando poucos livros porque também fui já no fim do dia e não tive muito tempo pra procurar. Comprei três livros infantis, um sobre organização e outro de receitas.

Um livro que fiquei muito feliz de encontrar foi o Sink Reflections, da Marla Ciley (2002). Conheci ela há anos atrás através da Cristal Muniz, autora do livro Uma Vida sem Lixo. A Marla é conhecida por ter um método de organização pra pessoas que não têm muito tempo pra cuidar da casa e estão no meio do caos. O diferencial desse método é ir arrumando a casa aos poucos, dando um pequeno passo a cada dia (os famosos baby steps). O primeiro passo é deixar sua pia brilhando, por isso o título do primeiro livro dela é Sink Reflections. Eu gosto muito do jeito que ela escreve e como ela leva a organização da casa a sério, mesclando com reflexões sobre a vida. Amei ter achado esse livro!

Faraway Friends, de Gyo Fujikawa (1981)

All Together, de Ro Malik (1986)

Os livros infantis são muito fofinhos. São dos anos 80 e têm uma ilustração super colorida que eu amei. As histórias são super simples, na verdade acho que esses livrinhos não chegam a ter uma história mesmo. Parecem pequenos livros de arte pra bebês. Inclusive, só comprei livros de páginas grossas (board books) porque a trend atual da Miriam é comer papel. Se não fosse por isso teria levado mais.

Questions Children Ask, de Edith Bonhivert (1961)

O outro livro infatil me chamou atenção pela ilustração clássica dos anos 60. É um livro de respostas simples pra perguntas que crianças costumam fazer sobre a natureza, o corpo-humano, a vida, a sociedade etc. Achei que seria o livro ideal pra alguém que nem o Arthur que tem sempre um curiosidade guardada na manga.

Slices of Life, de Leah Eskin (2014)

Fui super animada pra seção de cookbooks, mas só gostei de um. Esse livro mistura receitas com histórias da vida da autora e sua família. Escolhi esse pelo design da capa, a fonte e a diagramação, achei super caprichado. A pesar de não conhecer a autora, vi que ela era colunista de um famoso jornal de Chicago, então imaginei que ela deve escrever muito bem.

Achei que traria mais preciosidades pra casa, mas saí de lá determinada a ir no primeiro dia de evento no ano que vem. Vou levar bolsas maiores, juntar mais dinheiro e chegar cedo pra passar bastante tempo procurando.

2.5.25

Escrever pra conhecer

A descrição do Instagram da minha prima é a seguinte: "Bob Dylan por Zé Ramalho - Quantos caminhos se tem que andar - Antes de tornar-se alguém? Vou registrar e descobrir". E realmente, ela posta com frequência sobre o que tem feito e vivido, como se fosse 2013. Eu amo, especialmente porque estamos longe e eu sinto muita saudade.

Essa ideia de registrar pra se conhecer - "pra tornar-se alguém" - me lembrou de quando ela me explicou que as crianças usam as brincadeiras de faz-de-conta pra recriar situações que viveram e assim comreendê-las melhor. Por isso bonecos são ótimos presentes pra crianças, porque essas brincadeiras são fundamentais pra elas entenderem um pouco quem são e do complexo mundo ao seu redor. Minha prima é pedagoga, então tenho certeza que ela é expert no que tá falando.

Entender isso me deu um sentimento enorme de alívio. Desde que aprendi a escrever eu tenho diários, tenho até hoje. Por muito tempo, especialmente nesses últimos anos dos meus 20, eu acreditei que escrever em diário era um costume adolescente que eu já deveria ter deixado pra trás. Frequentemente eu me questionava o sentido de escrever o que acontecia no meu dia, já que eu tinha uma vida tão comum. Graças ao amor da Victória pelo Bob Dylan, e aos pedagogos que fizeram essa maravilhosa observação sobre a humanidade através das crianças, eu entendi que eu registro pra observar de outro ângulo o que tenho vivido e quem estou me tornando. Na história da minha vida, que tipo de personagem eu sou? Quais caminhos eu andei, pra me tornar quem sou? Vou escrever e descobrir.