21.9.25

Cozinhas amarelas são mais alegres

Keeping Mum (2006) virou um dos meus filmes favoritos, especialmente depois que vi a cena em que a família come alegre na cozinha amarela. Na minha opinião, ninguém decora melhor um ambiente do que os britânicos e tive a impressão que se existe uma "cor certa" pra pintar a cozinha, é amarelo. Parece que o amarelo ameniza a bagunça usual que existe numa cozinha, combina bem com todas as frutas, verduras, ingredientes e até embalagens. É tão aconchegante! As flores e outros detalhes na mesma cor trazem tanta vida, que realmente parece um ambiente em que a gente quer chegar, ficar e conversar.




minha versão da sopa italiana

Meu canal do Youtube favorito é o da Rosie Maio, em que ela compartilha exporadicamente tudo o que ela come nas férias que passa na casa da sua vó, na Calábria. Uma das receitas que mais tenho vontade de provar é a da sopa de feijão, me lembra demais a comida da minha vó. Tanto carinho num prato tão simples.

Hoje foi um daqueles dias que minha desorganização me atrapalhou e percebi que certas coisas não podem ser deixadas pro improviso. E por isso cozinhar é tão especial pra mim, é meu momento criativo. Minha versão dessa sopa ficou totalmente diferente. Na receita original, tem abobrinha ao invés de cenoura, tem os feijões que eu não tinha em casa. Mas quis me aventurar numa sopa de tomate, com macarrão, batatas e um fanguinho desfiado que tinha no congelador. Ficou tão delicioso!

Uma dica que aprendi lendo um lirvo fancês, é cozinhar o macarrão separadamente e só pôr a sopa por cima. Desse jeito o macarrão não suga todo o caldo e a sopa pode ser comida depois (ou até congelar). Outra coisa que aprendi com os italianos, é que na sopa o macarrão deve ser pequeno ou quebrado antes de cozinhar. Esqueci desse detalhe e tive que comer de garfo, que vacilo!

Sempre que faço sopa, lembro da minha cena favorita de Paper Man (2009), que recomendo muito inclusive. Uma "babá" demonstra um carinho inusitado e sincero ao fazer uma sopa pro dono da casa, e ele reage impressionado dizendo: 

- You made this [soup]?

- Yeah.

- How?

- l don't know. A couple of carrots, an onion. Oh, l hope that's okay. l just kind of helped myself.

- No, it's fantastic.

- Oh, well, you haven't even tasted it yet

- No, no, no, l mean, the fact of it is fantastic, that you made something from nothing.

- Oh, you can, you know, kind of make soup out of anything. That's the great thing about it. Just whatever's Ieft laying around, you know. You can take all the crap that's rotting in your fridge and throw out, or you could toss it into a pot and make soup out of it. So l go with soup.

- lt's excellent

- Do you remember the moment when you reaIized that soup didn't have to come out of a can, you know, like all manufactured, that your chicken noodle couId kick Campbell's chicken noodle's ass any day of the week?

- I think I'm having that moment right now.

- Plus, it's very nutritious, which is good.

Esse é o melhor crash course de culinária e eu pude provar isso hoje com minha sopinha.

17.9.25

Memories

Um dos passeios que eu mais queria fazer nessas férias era ir no Heritage Park, uma mistura de parque e museu, cheio de objetos e prédios do século passado. Além de ter ficado encantada com o trem, as roupas dos funcionários e os prédios lindíssimos, o que mais gostei foi ver a casa de uma família de oito filhos. A casa era minúscula e a cozinha não tinha nem um liquidificador para fazer um suquinho. O que eles não tinham de eletrodomésticos, eles tinham de beleza nos detalhes que hoje não temos mais. Recomendo ver as fotos ouvindo Did I Remember, da Billie Holiday ♫ ♪.


Gasoline Alley Museum: os carros eram l-i-n-d-o-s! Mas eu fiquei caçando embalagens fofas

Esse rádio dos anos 50 me lembrou a Yolanda Queiroz. Imaginei ele tocando João Gilberto ♫ ♪.






Argh! Esse pessoal dos anos 50 sabia fazer um acampamento romântico



E esse radinho poderia tocar Fly me to the moon ♫ ♪.

Existe jeito mais charmoso de embrulhar um presente?







morri com esses sapatinhos





Essa era a parte indígena do parque. Achei genial a ideia de decorar uma casa de crochê. Genial.

13.9.25

Farmer's Market





Eu também não lembro

Esses dias a Lana fez um post falando como ela costuma esquecer coisas triviais e eu me identifiquei muito. Além das coisas triviais, eu esqueço as experiências, por isso escrevo um diário com tanto carinho. Os anos passam, e eu recorro aos diários pra lembrar daquele drama de família que nos abalou profundamente, mas que hoje virou uma memória engraçada. Ou rememorar um período pacato e tranquilo, sem novidades, que anos depois me enchem de saudade.

Hoje, minha família disse que poderia ficar com a Mimi pra eu sair com o Arthur e eu fiquei super animada pra jantar em algum restaurante favorito que costumávamos ir no passado, mas eu não conseguia lembrar de nenhum. Por mais inútil que pareça fazer uma review de um restaurante aqui no blog, no fim das contas essa lista se torna um apanhado de lembranças de jantares especiais que eu posso ir de novo.

Antes da família chegar, eles me perguntaram o que a gente queria que eles trouxessem do Brasil. Por mais que eu sinta uma profunda saudade de coisas comuns que só tem na minha cidade natal, esse apego não é suficiente pra mantê-los na minha memória. No fim, eles não trouxeram nada porque eu não lembrei de nada. Chateada porque perdi essa oportunidade rara, fiz uma lista de sabonetes com cheirinho bom que só tem lá, comidas que comi a vida toda e não tem aqui, livros e jogos da infância... E outras quinquilharias que meu cérebro acha que não é importante lembrar, mas que meu coração é profundamente apegado.

É a minha listinha do exílio. 

Se você é curioso que nem eu, pode espiar minha lista aqui.

4.9.25

Mãe é tudo igual

Hoje a Mimi faz 14 meses.

Tenho o mesmíssimo sentimento. 

Espera

Uma das coisas que mais me intrigam na vida com uma bebê, são os momentos de espera. Hoje é um dia agitado, nossa família chega amanhã pra passar uns dias aqui em casa e tem muita coisa pra arrumar. Só que a Mimi precisa tirar sua sonequinha da manhã. Então a gente tem que ficar em casa, sem fazer muito barulho (nosso apartamento é pequeno).

Não dá pra ir no mercado, não dá pra aspirar a casa, não dá pra preparar comida. Dá sim pra fazer algumas coisas mais simples, mas em geral ficamos aqui, calmos, em silêncio, esperando ela acordar. Conversamos em sussurros, fazemos tudo calados, até andamos com mais leveza. Parece que nossa casa vira um lugar sagrado.

Eu, agitada e aperreada como uma boa cearense, amo esses novos momentos de espera.

Livros por todos os lados

Ok, todo mundo se pergunta como a Carrie tem dinheiro pra bancar um estilo de vida tão caro. Mas alguém já se perguntou como ela tem tempo de ler tantos livros? 

Tem livros na estante, na entrada da cozinha, na cabeceira da cama, na mesinha do quarto, na mesa da entrada, na escrivaninha e na cozinha. Só escapa o banheiro e o closet. Junto dos quadros espalhados pelas paredes, acho que é por isso que esse cenário fez tanto sucesso. Graças aos livros, esse pequeno apartamento de um quarto só traz uma enorme sensação de aconchego. 

Hoje estava fazendo uma lista de alguns livros que quero trazer do Brasil e percebi quantos livros fizeram parte da minha história e que, por algum acaso, não tenho mais. Fiquei imaginando como seria especial ainda ter o primeiro "page-turner" que li ou o livro do Murakami com que me conectei profundamente. Não seria tão difícil ter um apartamento como o da Carrie, com livros por todos os lados.