É mais fácil

"É mais fácil para quem é herdeiro. Lembro lendo essa frase e pensando que não tinha como contestar, realmente é mais fácil. Eu sou herdeira com letra maiúscula. Não necessariamente uma herança financeira, mas cresci protegida de perigos e exposta a beleza. Nunca passei necessidade, nunca fui abusada, nunca foi me dado motivos para odiar alguém, nunca pensei em divorciar do meu marido, nunca me odiei, nunca passei um dia que eu me lembra sem falar com Deus, até mesmo não consigo pensar em um dia que me marcou como ruim. Eu olho para essa lista e penso como isso é possível!? Que loucura!

Óbvio já fiquei com muita raiva de pessoas e comigo mesma. Já chorei muito e já tive dó de mim mesma. Já desprezei o meu próximo e os que à amo. Já passei momentos que quis sumir. Já me arrependi de tantos erros, pecados e vícios. Para mim isso é óbvio não estou debaixo de alguma ilusão: com toda certeza sem Cristo eu não presto.

Mas porque que é mais fácil para mim? Será porque os meus pais escolheram andar na luz da Palavra de Deus e me instruíram nela? Pode ser algo tão tosco assim? 

Não tenho uma resposta impressionante, uma com frase de efeito brilhante. Porque a verdade é que eu realmente acredito que seja isso-muitas e muitas decisões de pessoas que vieram antes de mim. Pessoas fieis. Pessoas que não tiveram o que eu tenho hoje e mesmo assim Deus esperavα α mesma coisa delas que Ele espera de mim: que seja fiel.

Sou tão grata ao meus pais que foram realmente assim. Eu não tenho dúvidas que eu colho frutos que eles plantaram. Todos os dias o vi buscando andar de acordo com a Bíblia, incluindo a parte de ser rápido para pedir perdão.

Sei que todos tem a suas próprias experiências e que felizmente nunca foi e nunca será a família natural de ninguém que define a sua salvação ou fidelidade. O Sangue de Jesus nos marca de uma forma muita mais dramática do que que qualquer pessoa ou pessoas poderiam nos marcar (Romanos 8). Mas não é em vão que Cristo nos ensina como viver e gastar o os nosso dias.

Aos que submetem ao Seu senhorio há delícias, e delícias que fazem todos os desconfortos da terra virarem mais leve e fáceis. Heranças que são colhidas por nossos filhos e os seus filhos. Sim heranças terrenas, confortos naturais, mas por melhor (muito melhor) delícias mais valiosas do que isso-chão andado que possibilita novos terrenos a serem andados.

Se não foi fácil para você, tenha coragem, será mais fácil para os seus filhos e os filhos deles. Que o difícil de hoje não seja desperdiçado, que seja chão.

Para nós que nascemos em berços de ouro que não façamos esses berços de ídolo-que não fiquemos confortáveis demais e durmamos enquanto é dia.

O Mestre voltará e todos nós prestaremos conta."

- Priscila Subirá

Tudo depende de mim?

"Eu sei o que é sentir-me sobrecarregada. Lembro-me do tempo em que passar à tarefa seguinte parecia mera sobrevivência. Sei o que é privação de sono. Sei o que é levantar de manhã e duvidar se sou capaz de mais um dia a testar os limites. Lembro-me do tempo em que nada parecia estar terminado e em que arrumação era um conceito a ser redefinido.

Não estou mais nessa fase. Consigo ler um livro num curto espaço de tempo. A casa vai permanecendo arrumada. Recordo-me de montar estratégias para tornar a vida menos caótica. Simplificar o que precisava ser descomplicado, planejar. O problema que encontrei é aquele que continuo a encontrar, mesmo já não tendo 4 pequenos: acreditar que tudo depende de mim. Acreditar no meu desempenho, em horários bem planejados e na minha capacidade de manter as coisas sob controle. Há problema em querer fazer as coisas bem, em planejar e em tentar controlar? Não necessariamente.

Mas.
Há sempre um mas. Quando nos concentramos nas nossas capacidades e tememos as nossas circunstâncias mais do que confiamos em Deus, aí está o problema. Lia hoje que onde existe o Espírito, aí há liberdade (2 Coríntios 3:17). Uma mulher livre confia em Deus mais do que teme as circunstâncias. Se em vez do meu cansaço eu me fixar no Deus que nunca se cansa, eu vivo na sua força e não na minha fraqueza. Se eu confio em Deus que sabe de cada pormenor da minha agenda, confio na sabedoria que ele dá a cada passo, em vez de me assoberbar com tudo o que tenho para fazer. Se eu confio que Deus me deu os filhos para apontar para ele, a cada desobediência eu reajo com menos irritação e mais misericórdia.

A vida mudou e eu continuo a arranjar formas de me sentir sobrecarregada. Descobri, com o passar do tempo, que o planejamento, a intencionalidade, a organização são ferramentas úteis ao meu dispor, mas que elas só são eficientes se forem usadas com os olhos postos em quem Deus é. Quando eu contemplo e medito no meu Salvador, eu descanso naquele que controla, que cuida, que renova forças e se compadece. A vida não fica subitamente mais fácil, mas saber que não estou sozinha muda toda a perspectiva. Eu não sou capaz? Não sou, ele é que é. Que consolo."

Vai e vem

Arrumar as malas é sempre difícil pra mim. Todo o processo de dividir peso de um lado pro outro me deixa cansada e eu quase tenho vontade de não levar nada. Me questiono se não estou levando coisas demais, na expectativa de que alguns desses objetos me lembrem dos momentos maravilhosos que tive nas férias. Será que na nossa casa vamos usar tudo isso?

BK

Pra iniciar o ano, fomos almoçar no Burger King, um dos fast-foods que a gente mais gosta e que é super raro aqui na nossa cidade. Fomos com uma super expectativa de comer um mega whopper num restaurante que nos lembrasse da nossa época de ouro em 2012 passeando nos shoppings de Fortaleza. Infelizmente, não foi como imaginamos. O hambúrguer parecia ter sido feito por um funcionário que não estava feliz de trabalhar no primeiro feriado do ano, mas ainda gostoso. O local foi reformado e o estilo colorido foi substituído por um estilo moderno, minimalista e sem graça. O que salvou foi a música ambiente: um série de sucessos de 2012! Nosso almoço nostálgico foi salvo. Mas foi o suficiente, acho que esse será o primeiro e único BK do ano.

Feliz ano novo!


Uma das minhas resoluções de ano novo pra 2025 é escrever mais sobre o que vivi ao longo do ano. Enquanto eu fazia a retrospectiva de 2024, percebi que mal lembrava de várias coisas legais que fiz nesse ano. Foi olhando as fotos no celular que lembrei de dias especiais que se perderam no meio de datas mais memoráveis, como o nascimento da Mimi! Como fiquei feliz de relembrar desses dias comuns! A Rebeca falou que a mesma coisa aconteceu com ela, que só quando ela deu uma olhada nas fotos desse ano que ela relembrou de muitos dias preciosos. Eu costumo escrever diariamente sobre meu dia, meus sentimentos, meus dramas... Chega o fim da página e não sobra espaço pra falar do dia que comprei Kit Kats japoneses em Canmore, ou do último dia de verão que a gente passeou com a Mimi no bairro, ou da vez que a gente fez pizza caseira pela primeira vez. Por mais que às vezes eu questione a utilidade ou a importância de um blog, acredito que seja um lugar ótimo pra escrever sobre dias assim.

O primeiro dia especial desse ano foi a virada, que foi a mais inusitada de todas, pois eu estava com minha filhinha! Nossa igreja organizou um banquete - sério, era um banquete mesmo, tinha até queijo brie e cream cheese de damasco de entradinha, coisa fina. A maioria dos nossos amigos estavam lá, teve um louvor super animado, uma palavra sobre o amor de Deus que nunca muda, e uma comemoração na virada bem brasileira cheia de animação e abraços. E uma vaia cearense da minha parte. Foi tão legal! Fazia muitos anos que eu não celebrava o ano novo assim.

As músicas que a gente cantou foram: Because He Lives, Great Things do Phil Wickham, Holy Forever, Every Step do City Alight e This is Amazing Grace do Phil Wickham. O versículo que o pastor leu foi Romanos 8:28. As músicas e a palavra me fizeram lembrar de algo que o Darrow Miller falou: a ressureição de Jesus foi transformadora, porque tirava dos discípulos o medo da morte. O que quer que aconteça na vida de um cristão, jamais vai separá-lo do amor de Deus. A morte foi tragada em vitória! Que reflexão poderosa para começar o ano.

Pra terminar, fomos pra casa sob uma tempestade de neve forte e silenciosa. Curiosa pra saber o que essa cena de abertura diz sobre esse novo ano. Feliz ano novo!

Regresso ao amor

Assisti The Good House (2021) por causa do Kevin Kline e da locação na praia. Gostei do cenário, da trilha sonora, das referências a cultura moderna, das piadas, da Sigourney Weaver (não paro de repetir esse nove na minha cabeça)... Menos do filme. A quebra da quarta parede não é natural e os comentários que ela faz são até dispensáveis. Tirando a protagonista e dois velhinhos, o resto inteiro do elenco é super chato, desagradável e arrogante. A trilha sonora é ótima, mas são músicas muito "épicas" usadas em cenas com pouca emoção. Não diria que foi uma perda de tempo, porque a protagonista é muito legal e parece ser a única pessoa com os pés no chão, mesmo que todo mundo ao redor tente dizer que é a mais problemática. E o cenário... Ah o cenário! Uma das coisas que mais me encanta nos filmes é como o ambiente é decorado de um jeito que conta parte da história. Nesse filme então, eu só conseguia me imaginar morando numa daquelas casas lindas. Mas só imaginar, porque a vizinhança... Uó.

Sra. Henderson Apresenta

Domingo passado assisti Mrs Henderson Presents (2005), escolhi por causa da Judi Dench. Foi legal assistir sem ler a sinopse e ser surpreendida com o desenrolar da história. Fiquei empolgada por saber que era baseado em uma história real. Justamente por isso, me parecia tão impressionante algumas escolhas da Senhora Henderson, não dava pra acreditar que uma viúva da sociedade britânica compraria uma teatro ao invés de joias e que usaria uma das estratégias de marketing mais chocantes de todas. Apesar de suas decisões serem moralmente questionáveis, gostei de ver uma mulher forte, decidida, que não se amedronta com facilidade. Ao mesmo tempo, romântica e sonhadora. Quando a amiga sugere que ela escolha um hobbie como bordar ou participar de caridades pra passar o tempo, ela reage com o tédio de um mulher a frente do seu tempo. Talvez viver na Índia, em contato com uma realidade que não passa nem perto dos contos de fada, a tornou assim? A ideia do filme gira um pouco em torno disso, do por quê ela diferente das demais senhoras. Embora eu ache que na realidade, a morte do filho não teve nada a ver com o estilo do seu teatro, parece ter sido algo inventado pelo roteirista pra gente compreender suas escolhas. E que escolhas! O melhor do filme não é a Senhora Henderson, mas as peças teatrais. Que cenas lindas! Não gosto muito dos musicais mais modernos, mas depois de ver esse filme eu adoraria assistir um musical dos anos 30. A música, as cores, a dança... Realmente um espetáculo. Quando começa a guerra e o próprio teatro é bombardeado, fiquei um pouco chocada de imaginar quão cruel e dura era essa realidade. E como a arte trazia um brilho de alegria naqueles momentos de tanta tensão. Não é um filme favorito, mas gostei demais!