Um dos passeios que eu mais queria fazer nessas férias era ir no Heritage Park, uma mistura de parque e museu, cheio de objetos e prédios do século passado. Além de ter ficado encantada com o trem, as roupas dos funcionários e os prédios lindíssimos, o que mais gostei foi ver a casa de uma família de oito filhos. A casa era minúscula e a cozinha não tinha nem um liquidificador para fazer um suquinho. O que eles não tinham de eletrodomésticos, eles tinham de beleza nos detalhes que hoje não temos mais. Recomendo ver as fotos ouvindo Did I Remember, da Billie Holiday ♫ ♪.
A flower was born
17.9.25
Memories
13.9.25
Eu também não lembro
Esses dias a Lana fez um post falando como ela costuma esquecer coisas triviais e eu me identifiquei muito. Além das coisas triviais, eu esqueço as experiências, por isso escrevo um diário com tanto carinho. Os anos passam, e eu recorro aos diários pra lembrar daquele drama de família que nos abalou profundamente, mas que hoje virou uma memória engraçada. Ou rememorar um período pacato e tranquilo, sem novidades, que anos depois me enchem de saudade.
Hoje, minha família disse que poderia ficar com a Mimi pra eu sair com o Arthur e eu fiquei super animada pra jantar em algum restaurante favorito que costumávamos ir no passado, mas eu não conseguia lembrar de nenhum. Por mais inútil que pareça fazer uma review de um restaurante aqui no blog, no fim das contas essa lista se torna um apanhado de lembranças de jantares especiais que eu posso ir de novo.
Antes da família chegar, eles me perguntaram o que a gente queria que eles trouxessem do Brasil. Por mais que eu sinta uma profunda saudade de coisas comuns que só tem na minha cidade natal, esse apego não é suficiente pra mantê-los na minha memória. No fim, eles não trouxeram nada porque eu não lembrei de nada. Chateada porque perdi essa oportunidade rara, fiz uma lista de sabonetes com cheirinho bom que só tem lá, comidas que comi a vida toda e não tem aqui, livros e jogos da infância... E outras quinquilharias que meu cérebro acha que não é importante lembrar, mas que meu coração é profundamente apegado.
É a minha listinha do exílio.
Se você é curioso que nem eu, pode espiar minha lista aqui.
4.9.25
Espera
Uma das coisas que mais me intrigam na vida com uma bebê, são os momentos de espera. Hoje é um dia agitado, nossa família chega amanhã pra passar uns dias aqui em casa e tem muita coisa pra arrumar. Só que a Mimi precisa tirar sua sonequinha da manhã. Então a gente tem que ficar em casa, sem fazer muito barulho (nosso apartamento é pequeno).
Não dá pra ir no mercado, não dá pra aspirar a casa, não dá pra preparar comida. Dá sim pra fazer algumas coisas mais simples, mas em geral ficamos aqui, calmos, em silêncio, esperando ela acordar. Conversamos em sussurros, fazemos tudo calados, até andamos com mais leveza. Parece que nossa casa vira um lugar sagrado.
Eu, agitada e aperreada como uma boa cearense, amo esses novos momentos de espera.
Livros por todos os lados
Tem livros na estante, na entrada da cozinha, na cabeceira da cama, na mesinha do quarto, na mesa da entrada, na escrivaninha e na cozinha. Só escapa o banheiro e o closet. Junto dos quadros espalhados pelas paredes, acho que é por isso que esse cenário fez tanto sucesso. Graças aos livros, esse pequeno apartamento de um quarto só traz uma enorme sensação de aconchego.
Hoje estava fazendo uma lista de alguns livros que quero trazer do Brasil e percebi quantos livros fizeram parte da minha história e que, por algum acaso, não tenho mais. Fiquei imaginando como seria especial ainda ter o primeiro "page-turner" que li ou o livro do Murakami com que me conectei profundamente. Não seria tão difícil ter um apartamento como o da Carrie, com livros por todos os lados.
22.8.25
Anne of Green Gables
Comprei esse livro no brechó e amei a diagramação, a fonte dos títulos, o tipo de papel, o leve desgaste de um livro de mais de 20 anos e outras coisas que só achamos em livros antigos. Eu sou do tipo que insiste em ler um livro que não gosta até o final, só pra poder marcar em algum aplicativo que concluí a leitura, mas finalmente acho que fiquei velha demais pra isso.