Caderninho de receitas

Tava assistindo esse vídeo da Dani Noce e logo no início ela pega esse caderninho bonitinho onde ela anotou a receita que viu num site e vai fazer no vídeo. Eu adoro uma desculpa pra ter mais um caderninho fofo, e agora tô empolgada pra ter um caderno bonitinho pra anotar receitas que acho na internet. Vez ou outra uma voz minimalista muito chata fica querendo me convencer que não preciso anotar receitas porque eu sempre posso encontrar elas de novo na internet. Não acredite nessa mentira! A Dani Noce é uma prova viva de que os criadores da internet às vezes simplesmente desistem do seu conteúdo e apagagam tudo. E lá se vai aquela receita genial de bolo de chocolate sem leite que você tanto amava. Digo e repito, esqueça o minimalismo e tenha mais um caderninho.

Calgary book fair

Esse mês fui em uma feira anual de livros super legal que tem na minha cidade, a Calgary Reads Big Book Sale. A feira fica em um centro de treinamento de Curling (um esporte bem típico do Canadá), então imagine um galpão grande com mesas enormes e muitos muitos livros. Também tinha revistas, CDs e até DVDs. E tudo por no máximo $4, achei o máximo. 

Quem me recomendou foi uma amiga que é uma bookworm de carteirinha, mas infelizmente não consegui ir com ela. Acabei indo sozinha no último dia e por isso os livros mais "legais" já tinham sido comprados. Os livros são doados por pessoas, empresas e lojas, e quem organiza tudo são voluntários (seria meu dream vlunteer job?). Fiquei encantada com a organização dos livros, melhor que muitas livrarias por aí. Acabei comprando poucos livros porque também fui já no fim do dia e não tive muito tempo pra procurar. Comprei três livros infantis, um sobre organização e outro de receitas.

Um livro que fiquei muito feliz de encontrar foi o Sink Reflections, da Marla Ciley (2002). Conheci ela há anos atrás através da Cristal Muniz, autora do livro Uma Vida sem Lixo. A Marla é conhecida por ter um método de organização pra pessoas que não têm muito tempo pra cuidar da casa e estão no meio do caos. O diferencial desse método é ir arrumando a casa aos poucos, dando um pequeno passo a cada dia (os famosos baby steps). O primeiro passo é deixar sua pia brilhando, por isso o título do primeiro livro dela é Sink Reflections. Eu gosto muito do jeito que ela escreve e como ela leva a organização da casa a sério, mesclando com reflexões sobre a vida. Amei ter achado esse livro!

Faraway Friends, de Gyo Fujikawa (1981)

All Together, de Ro Malik (1986)

Os livros infantis são muito fofinhos. São dos anos 80 e têm uma ilustração super colorida que eu amei. As histórias são super simples, na verdade acho que esses livrinhos não chegam a ter uma história mesmo. Parecem pequenos livros de arte pra bebês. Inclusive, só comprei livros de páginas grossas (board books) porque a trend atual da Miriam é comer papel. Se não fosse por isso teria levado mais.

Questions Children Ask, de Edith Bonhivert (1961)

O outro livro infatil me chamou atenção pela ilustração clássica dos anos 60. É um livro de respostas simples pra perguntas que crianças costumam fazer sobre a natureza, o corpo-humano, a vida, a sociedade etc. Achei que seria o livro ideal pra alguém que nem o Arthur que tem sempre um curiosidade guardada na manga.

Slices of Life, de Leah Eskin (2014)

Fui super animada pra seção de cookbooks, mas só gostei de um. Esse livro mistura receitas com histórias da vida da autora e sua família. Escolhi esse pelo design da capa, a fonte e a diagramação, achei super caprichado. A pesar de não conhecer a autora, vi que ela era colunista de um famoso jornal de Chicago, então imaginei que ela deve escrever muito bem.

Achei que traria mais preciosidades pra casa, mas saí de lá determinada a ir no primeiro dia de evento no ano que vem. Vou levar bolsas maiores, juntar mais dinheiro e chegar cedo pra passar bastante tempo procurando.

Fotografia

"and every girl goes through a photography phase, like horses, you know dumb pictures of your feet..." - Lost in Translation

Uma das minhas maiores frustrações diárias é não conseguir tirar fotos bonitas. Pelo menos das fotos dos pés eu gosto.

Dream pizza night

Há anos atrás, quando a gente ainda tava na faculdade, o Arthur comentou que uma amiga nossa tinha o hábito de se reunir toda sexta com a família pra comer pizza. Ele achou isso genial e super fofo, algo que pra ele representava uma amizade super bonita entre nossa amiga e os pais dela. Desde então a gente ficava sonhando em pôr o sonho da pizza night em prática e hoje a gente pode dizer que temos essa tradição!

A melhor parte é que a pizza de hoje foi feita com o que sobrou da sexta passada, quando fizemos pizza pros nossos amigos. O sonho da amizade em volta da pizza feita em casa também se realizou. Ah! A gente não tinha em mente que a tradição deveria ser com pizza feita em casa, mas acabou virando. Já que estamos no ritmo de fazer comida ao invés de pedir, o Arthur fez bownie pela primeira vez!

Ele encontrou uma receita que como todas as outras se identificava como "a melhor receita de brownie do mundo" e ainda nào podemos concordar porque só provamos esse, seria injusto. Mas ficou delícia delícia! Ainda fiz um sanduichinho de brownie com pasta de amendoim e ficou delícia delícia delícia! Pra fechar com chave de ouro, o Arthur realizou outro sonho. Ele sempre acha super bonito quando alguém leva uma comidinha especial pra alguém que tá doente ou sem poder sair de casa por algum motivo. Ele teve a ideia de mandar metade do brownie pra nossa amiga que acabou de ter bebê e ama chocolate amargo. Comida é sempre mais delícia quando a gente divide!

Tv de tubo

No filme da Amélie Poulain, tem uma cena em que ela entrega uma VHS misteriosa pro senhor Dufayel que mora no prédio dela. Ele é meio ranzinza e nunca sai de casa porque tem ossos de vidro e qualquer passo pra fora seria fatal. Dedicada a ajuda a humanidade, Amélie grava numa fita cenas que mostrem a Dufayel uma leve ideia do quão extraordinário é o mundo lá fora. Essa cena me encantou desde a primeira vez que vi e continua me encantando todas as vezes que reassisto. 

Como uma criança que vivia num pequeno bairro de Fortaleza, a TV era pra mim uma viagem a locais que eu me alegrava em saber que existiam. Meus olhos e meu coração se abriam. A Terra é uma estranha mistura em que coisas muito lindas existem ao lado de maldades terríveis. Em momentos em que tudo ao meu redor era feiúra, algumas curtas cenas da minha tv de tubo me faziam lembrar de Deus, do mundo bonito que ele fez.

Hoje, o Youtube é pra mim como aquela VHS da Amélie tocando na tv de tubo. É como uma lupa por onde eu observo a beleza da natureza, das pessoas. Como Deus decorou a Terra. Como as pessoas decoram o espaço com arte. Como elas decoram o tempo com música.

Escrever pra conhecer

A descrição do Instagram da minha prima é a seguinte: "Bob Dylan por Zé Ramalho - Quantos caminhos se tem que andar - Antes de tornar-se alguém? Vou registrar e descobrir". E realmente, ela posta com frequência sobre o que tem feito e vivido, como se fosse 2013. Eu amo, especialmente porque estamos longe e eu sinto muita saudade.

Essa ideia de registrar pra se conhecer - "pra tornar-se alguém" - me lembrou de quando ela me explicou que as crianças usam as brincadeiras de faz-de-conta pra recriar situações que viveram e assim comreendê-las melhor. Por isso bonecos são ótimos presentes pra crianças, porque essas brincadeiras são fundamentais pra elas entenderem um pouco quem são e do complexo mundo ao seu redor. Minha prima é pedagoga, então tenho certeza que ela é expert no que tá falando.

Entender isso me deu um sentimento enorme de alívio. Desde que aprendi a escrever eu tenho diários, tenho até hoje. Por muito tempo, especialmente nesses últimos anos dos meus 20, eu acreditei que escrever em diário era um costume adolescente que eu já deveria ter deixado pra trás. Frequentemente eu me questionava o sentido de escrever o que acontecia no meu dia, já que eu tinha uma vida tão comum. Graças ao amor da Victória pelo Bob Dylan, e aos pedagogos que fizeram essa maravilhosa observação sobre a humanidade através das crianças, eu entendi que eu registro pra observar de outro ângulo o que tenho vivido e quem estou me tornando. Na história da minha vida, que tipo de personagem eu sou? Quais caminhos eu andei, pra me tornar quem sou? Vou escrever e descobrir.

Fotos incríveis, uma poesia

"Tire fotos incríves com seu celular com esses dois passos simples.

Passo 1: olhe. Olhe com atenção. Olhe a luz do sol caindo sobre a terra, as cores e formas ao seus redor. As pessoas, os animais e os objetos inanimados. Olhe através dos olhos de outros artistas. Visite exposições, leia livro de imagens, vá a shows. Olhe para o mundo e permita se encantar com a beleza que te cerca. 

Passo 2: Clique. Seu celular nada mais é do que uma câmera que faz ligações e ele está sempre com você. Nunca na história da humanidade pudemos fotografar tanto. Clique sem medo de errar. Clique para compartilhar o que só você está vendo. Clique para ver como as coisas ficam congeladas. Clique seu gato, seus amigos e as pessoas que encontra a caminho pro trabalho. Clique sua família, seu prato de comida. 

Olhe, clique e repita. 

Olhe, clique e repita."

📺 Tito Motta, fevereiro de 2025