Me traz uma água?

Cresci na casa dos meus avós, morando com meus tios e tias que tinham entre 14  e 20 anos. Como todo bom adolescente, eles não eram muito gentis uns com os outros. Se alguém pedisse um favor, eles diriam com ironia "eu não, vai você!". Se alguém precisasse de ajuda, eles até se ofereciam, mas apenas enquanto isso não atrapalhasse seu bem-estar e conforto. Eu acabei achando que isso era normal. Achava que atender aos pedidos das pessoas era ser feita de boba e deixar que alguém se aproveitasse da minha boa vontade. Até que fui em uma casa que a realidade era diferente.
Estava na casa da minha tia com minhas primas, todas deitadas pra dormir. A mais velha pediu pra mais nova: "pega um copo d'água pra mim, por favor?". Meu pensamento foi "que folgada! Ela vai fazer a irmã se levantar só pra pegar água? Por que ela mesma não vai?". Qual não foi minha surpresa, quando minha outra prima se levantou e foi buscar a água. Ela bebeu, e as duas dormiram em paz. Eu fiquei chocada.
Esse pequeno gesto me ensinou muito sobre gentileza, sobre pequenos atos de carinho que fazem uma casa mais confortável do que todos os lençóis de fios egípcios do mundo juntos. Na minha casa, esse simples pedido seria respondido com ironia, criando um pequeno distanciamento entre os irmãos que pouco a pouco, veio a se tornar um abismo imenso.
Essa minha tia era cristã e foram situações como essa que eu pude observar como é prazeroso estar num lugar onde o amor de Deus é buscado e expressado em atos de carinho e serviço. Percebi que Cristo nos dá uma morada de verdade.