More than a heart can contain

Recentemente a Sara Groves (que eu acho sensacional) lançou o clipe de Take it all in, uma música sobre saudade, presente e encantamento. O clipe é lindo, feito com vídeos de celular da família dela, alguns até gravados na vertical. As cenas de pequenas conquistas, momentos alegres e sorrisos sinceros trazem a sensação de alegria e saudade por uma vida que não é sua. A música também é maravilhosa! A letra inclusive. Como eu conheço esse sentimento de querer “take it all” em um momento especial da nossa vida, olhando com atenção, aproveitando com calma, sem querer deixar aquilo passar. Me lembrou a cena do Jardim secreto em que o garotinho fala que quer ficar no jardim pra sempre, e da Teresa em Tudo o que é Sólido Pode Derreter, dizendo que alguém deveria criar uma máquina de guardar sensações. As câmeras tão acessíveis parecem ser essa máquina, nos dando a chance de guardar aquela sensação graciosa por mais um pouquinho. Mas os dias sempre terminam, nenhum momento se repete. Tell me, How do I take it all in?

📻 Take it all in, Sara Groves

📺 Tudo o que é Sólido Pode Derreter, Episódio 10

🎬 The Secret Garden, 1993

Obsolescência

Um dia algo é novidade, no outro é tranqueira, mas depois vira a coisa mais bacana de todas. Pra provar isso, o Math (do Blog do Math) mostrou alguns cds antigos de 2005 que tinha um conteúdo interativo quando você colocava no computador (tipo isso aqui). Realmente, que tralha sem graça, mas ao mesmo tempo que da hora ver o design moderno de algo antigo! Achei legal que ele guarda esse tipo de coisa e que na casa dele não se joga algo fora quando ainda está funcionando. Ele venceu o minimalismo e a obsolescência e conseguiu resgatar algo que gostava tanto!

Psycho killer qu'est-ce que c'est!

Essa semana foi lançado o clipe de Pshcyo Killer do Talking Heads com a Saoirse Ronan. Sim, a música dos anos 80. Achei legal um comentário que dizia que eles esperaram ela nascer pra fazer o clipe e outro que dizia que acha ótima essa ideia de finalmente fazer clipes oficiais de músicas de 40 anos atrás. 40 anos! Como assim tanto tempo? Ainda hoje acho ela genial, nem parece flashback tanto assim. Inclusive, dias antes tinha criado uma playlist com alguns flashbacks dançantes e esse é um clássico que eu tinha esquecido. Sobre o clipe, achei legal, mas com uma música tão épica eu esperava algo mais grandioso e menos engraçadinho. Tirando isso, gostei de como a moça vai ficando maluquinha aos poucos e termina dançando feito louca. O jeito que ela dança expressa exatamente como eu me sinto ouvindo Talking Heads. Don’t you feel like dancing?

Sōtaisei Riron

Estou muito inspirada com as coisas japonesas, por isso outro post. Lembrei desse álbum muito fofo que conheci no blog de moda de uma japonesa que é meu predileto, a slowboat to mediocrity. Foi através desse blog que conheci o Murakami, Little Dragon e Synchroniciteen do Sōtaisei Riron (que claramente eu preciso copiar o nome do google porque não sei escrever de cabeça). No blog, ela fala que as músicas têm um toque de ironia na medida certa, mas como eu não sei japonês a ironia da capa com desenho infantil, pra uma banda que não é pra crianças, já é suficiente. Minhas faixas favoritas são as três primeiras, Cinderela, China Advice e Miss Parallell world. De algum modo o ritmo animado e fofo me deixam animada suficiente pra sonhar que eu to curtindo um picnic na praia. Recomendo!

Japa

Essa semana assisti um documentário (Miso Hungry) sobre um rapaz australiano que decide passar duas semanas no Japão em busca de uma vida mais saudável. Os hábitos alimentares me deixaram empolgadíssima pra testar novas receitas com mais legumes. Até fiquei animada pra provar Nattō, mas o Arthur falou com uma colega japonesa que disse que na opinião dela, existem comidas mais saudáveis e menos fedidas, então to deixando esse desafio de lado. Também quero beber mais chá, inclusive o amargo e saudável chá verde que a tia Helena fazia a gente tomar depois do almoço quando eu era criança. Também fiquei surpresa com a enorme quantidade de carne que eu como, em comparação aos japoneses que comem mais ovos, peixe e vegetais. Tenho diminuído pela metade a quantidade de carne que a gente come. Acho que ainda vamos economizar umas moedinhas com essas dicas.

O que mais me encantou não foi a dieta, mas foi a calma e a concentração. O rapaz do documentário vai a um templo budista pra se aconselhar com um monge. O monge de voz baixa e sorridente, pede pro australiano meditar enquanto copia um texto em japonês. A instrução é que ele foque completamente no que está na frente dele e não pense em mais nada. O monge até falou quais eram os benefícios, mas agora não me lembro (deveria ter anotado...). Pra mim, que adoro fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo, senti até um alívio em ver aquele cara sentado, só copiando um texto. Desde então tenho tentado focar nas tarefas que estão na minha frente e só ir pra próxima quando tiver terminado. Tem sido interessante, relaxante até, perceber que não preciso estar sempre correndo.

Outro exemplo dessa "calma" que fala no documentário é o quanto os japoneses caminham. Pra casa, pra estação, pro trabalho, pro mercado... Eu, que quando criança amava caminhar com meu avô, me encantei ainda mais com o estilo de vida dos japinhas. Também estou incluindo na minha agenda algumas caminhadas diárias, mas hoje não deu porque estava concentrada demais nas atividades a minha frente a.k.a um monte Fuji de roupas pra lavar.

Caderninho de receitas

Tava assistindo esse vídeo da Dani Noce e logo no início ela pega esse caderninho bonitinho onde ela anotou a receita que viu num site e vai fazer no vídeo. Eu adoro uma desculpa pra ter mais um caderninho fofo, e agora tô empolgada pra ter um caderno bonitinho pra anotar receitas que acho na internet. Vez ou outra uma voz minimalista muito chata fica querendo me convencer que não preciso anotar receitas porque eu sempre posso encontrar elas de novo na internet. Não acredite nessa mentira! A Dani Noce é uma prova viva de que os criadores da internet às vezes simplesmente desistem do seu conteúdo e apagagam tudo. E lá se vai aquela receita genial de bolo de chocolate sem leite que você tanto amava. Digo e repito, esqueça o minimalismo e tenha mais um caderninho.

Calgary book fair

Esse mês fui em uma feira anual de livros super legal que tem na minha cidade, a Calgary Reads Big Book Sale. A feira fica em um centro de treinamento de Curling (um esporte bem típico do Canadá), então imagine um galpão grande com mesas enormes e muitos muitos livros. Também tinha revistas, CDs e até DVDs. E tudo por no máximo $4, achei o máximo. 

Quem me recomendou foi uma amiga que é uma bookworm de carteirinha, mas infelizmente não consegui ir com ela. Acabei indo sozinha no último dia e por isso os livros mais "legais" já tinham sido comprados. Os livros são doados por pessoas, empresas e lojas, e quem organiza tudo são voluntários (seria meu dream vlunteer job?). Fiquei encantada com a organização dos livros, melhor que muitas livrarias por aí. Acabei comprando poucos livros porque também fui já no fim do dia e não tive muito tempo pra procurar. Comprei três livros infantis, um sobre organização e outro de receitas.

Um livro que fiquei muito feliz de encontrar foi o Sink Reflections, da Marla Ciley (2002). Conheci ela há anos atrás através da Cristal Muniz, autora do livro Uma Vida sem Lixo. A Marla é conhecida por ter um método de organização pra pessoas que não têm muito tempo pra cuidar da casa e estão no meio do caos. O diferencial desse método é ir arrumando a casa aos poucos, dando um pequeno passo a cada dia (os famosos baby steps). O primeiro passo é deixar sua pia brilhando, por isso o título do primeiro livro dela é Sink Reflections. Eu gosto muito do jeito que ela escreve e como ela leva a organização da casa a sério, mesclando com reflexões sobre a vida. Amei ter achado esse livro!

Faraway Friends, de Gyo Fujikawa (1981)

All Together, de Ro Malik (1986)

Os livros infantis são muito fofinhos. São dos anos 80 e têm uma ilustração super colorida que eu amei. As histórias são super simples, na verdade acho que esses livrinhos não chegam a ter uma história mesmo. Parecem pequenos livros de arte pra bebês. Inclusive, só comprei livros de páginas grossas (board books) porque a trend atual da Miriam é comer papel. Se não fosse por isso teria levado mais.

Questions Children Ask, de Edith Bonhivert (1961)

O outro livro infatil me chamou atenção pela ilustração clássica dos anos 60. É um livro de respostas simples pra perguntas que crianças costumam fazer sobre a natureza, o corpo-humano, a vida, a sociedade etc. Achei que seria o livro ideal pra alguém que nem o Arthur que tem sempre um curiosidade guardada na manga.

Slices of Life, de Leah Eskin (2014)

Fui super animada pra seção de cookbooks, mas só gostei de um. Esse livro mistura receitas com histórias da vida da autora e sua família. Escolhi esse pelo design da capa, a fonte e a diagramação, achei super caprichado. A pesar de não conhecer a autora, vi que ela era colunista de um famoso jornal de Chicago, então imaginei que ela deve escrever muito bem.

Achei que traria mais preciosidades pra casa, mas saí de lá determinada a ir no primeiro dia de evento no ano que vem. Vou levar bolsas maiores, juntar mais dinheiro e chegar cedo pra passar bastante tempo procurando.

Fotografia

"and every girl goes through a photography phase, like horses, you know dumb pictures of your feet..." - Lost in Translation

Uma das minhas maiores frustrações diárias é não conseguir tirar fotos bonitas. Pelo menos das fotos dos pés eu gosto.

Dream pizza night

Há anos atrás, quando a gente ainda tava na faculdade, o Arthur comentou que uma amiga nossa tinha o hábito de se reunir toda sexta com a família pra comer pizza. Ele achou isso genial e super fofo, algo que pra ele representava uma amizade super bonita entre nossa amiga e os pais dela. Desde então a gente ficava sonhando em pôr o sonho da pizza night em prática e hoje a gente pode dizer que temos essa tradição!

A melhor parte é que a pizza de hoje foi feita com o que sobrou da sexta passada, quando fizemos pizza pros nossos amigos. O sonho da amizade em volta da pizza feita em casa também se realizou. Ah! A gente não tinha em mente que a tradição deveria ser com pizza feita em casa, mas acabou virando. Já que estamos no ritmo de fazer comida ao invés de pedir, o Arthur fez bownie pela primeira vez!

Ele encontrou uma receita que como todas as outras se identificava como "a melhor receita de brownie do mundo" e ainda nào podemos concordar porque só provamos esse, seria injusto. Mas ficou delícia delícia! Ainda fiz um sanduichinho de brownie com pasta de amendoim e ficou delícia delícia delícia! Pra fechar com chave de ouro, o Arthur realizou outro sonho. Ele sempre acha super bonito quando alguém leva uma comidinha especial pra alguém que tá doente ou sem poder sair de casa por algum motivo. Ele teve a ideia de mandar metade do brownie pra nossa amiga que acabou de ter bebê e ama chocolate amargo. Comida é sempre mais delícia quando a gente divide!

Tv de tubo

No filme da Amélie Poulain, tem uma cena em que ela entrega uma VHS misteriosa pro senhor Dufayel que mora no prédio dela. Ele é meio ranzinza e nunca sai de casa porque tem ossos de vidro e qualquer passo pra fora seria fatal. Dedicada a ajuda a humanidade, Amélie grava numa fita cenas que mostrem a Dufayel uma leve ideia do quão extraordinário é o mundo lá fora. Essa cena me encantou desde a primeira vez que vi e continua me encantando todas as vezes que reassisto. 

Como uma criança que vivia num pequeno bairro de Fortaleza, a TV era pra mim uma viagem a locais que eu me alegrava em saber que existiam. Meus olhos e meu coração se abriam. A Terra é uma estranha mistura em que coisas muito lindas existem ao lado de maldades terríveis. Em momentos em que tudo ao meu redor era feiúra, algumas curtas cenas da minha tv de tubo me faziam lembrar de Deus, do mundo bonito que ele fez.

Hoje, o Youtube é pra mim como aquela VHS da Amélie tocando na tv de tubo. É como uma lupa por onde eu observo a beleza da natureza, das pessoas. Como Deus decorou a Terra. Como as pessoas decoram o espaço com arte. Como elas decoram o tempo com música.

Escrever pra conhecer

A descrição do Instagram da minha prima é a seguinte: "Bob Dylan por Zé Ramalho - Quantos caminhos se tem que andar - Antes de tornar-se alguém? Vou registrar e descobrir". E realmente, ela posta com frequência sobre o que tem feito e vivido, como se fosse 2013. Eu amo, especialmente porque estamos longe e eu sinto muita saudade.

Essa ideia de registrar pra se conhecer - "pra tornar-se alguém" - me lembrou de quando ela me explicou que as crianças usam as brincadeiras de faz-de-conta pra recriar situações que viveram e assim comreendê-las melhor. Por isso bonecos são ótimos presentes pra crianças, porque essas brincadeiras são fundamentais pra elas entenderem um pouco quem são e do complexo mundo ao seu redor. Minha prima é pedagoga, então tenho certeza que ela é expert no que tá falando.

Entender isso me deu um sentimento enorme de alívio. Desde que aprendi a escrever eu tenho diários, tenho até hoje. Por muito tempo, especialmente nesses últimos anos dos meus 20, eu acreditei que escrever em diário era um costume adolescente que eu já deveria ter deixado pra trás. Frequentemente eu me questionava o sentido de escrever o que acontecia no meu dia, já que eu tinha uma vida tão comum. Graças ao amor da Victória pelo Bob Dylan, e aos pedagogos que fizeram essa maravilhosa observação sobre a humanidade através das crianças, eu entendi que eu registro pra observar de outro ângulo o que tenho vivido e quem estou me tornando. Na história da minha vida, que tipo de personagem eu sou? Quais caminhos eu andei, pra me tornar quem sou? Vou escrever e descobrir.

Fotos incríveis, uma poesia

"Tire fotos incríves com seu celular com esses dois passos simples.

Passo 1: olhe. Olhe com atenção. Olhe a luz do sol caindo sobre a terra, as cores e formas ao seus redor. As pessoas, os animais e os objetos inanimados. Olhe através dos olhos de outros artistas. Visite exposições, leia livro de imagens, vá a shows. Olhe para o mundo e permita se encantar com a beleza que te cerca. 

Passo 2: Clique. Seu celular nada mais é do que uma câmera que faz ligações e ele está sempre com você. Nunca na história da humanidade pudemos fotografar tanto. Clique sem medo de errar. Clique para compartilhar o que só você está vendo. Clique para ver como as coisas ficam congeladas. Clique seu gato, seus amigos e as pessoas que encontra a caminho pro trabalho. Clique sua família, seu prato de comida. 

Olhe, clique e repita. 

Olhe, clique e repita."

📺 Tito Motta, fevereiro de 2025

Just do it

Esses dias vi um vídeo entitulado "já consumimos demais, agora tá na hora de criar". Eu, que tenho estado online há bastante tempo, já salvei várias ideias no Pinterest, Instagram, Facebook e até nos favoritos. A avalanche de ideias legais e soluções criativas pra problemas comuns parece finalmente ter me soterrado. É tanta coisa salva que mal me dediquei a pôr algumas delas em prática. E isso é normal, de certa forma. Um livro de receitas, por exemplo, raramente é testado do início ao fim. Não vivemos pra pôr truquinhos em prática, nossa vida é mais do que isso.

Como diz aquela música bonitinha do Mr. Rogers (You’ve Got to Do It), ficar imaginando como seria legal fazer algo nunca vai ser suficiente pra realizar isso de fato. Então, apenas faça! Foi isso que o rapaz do vídeo me fez perceber, que todos nós somos capazes de realizar muitas coisas, mas estamos nos escondendo atrás do comodismo, da preguiça ou da divertida tela do celular. O Darrow Miller falou uma vez que ele sempre olha pra uma criança imaginando que dentro dela existe a potencialidade de ser alguém extraordinário. Antes do extraordinário, cada ser humano é capaz de fazer e criar tantas boa, e parece que eu esqueci disso.

Uma das coisas que o rapaz do vídeo comenta, é que ele cometeu o erro de passar um ano lendo o máximo de livros que conseguia, com o intuito de aprender pra poder produzir. Só depois de um ano e muitos livros dpois, ele se deu conta que já tinha conhecimento suficiente pra criar bastante coisa. A princípio não seriam coisas geniais, ou do jeito que ele imaginava exatamente, mas seriam coisas reais as quais ele poderia refinar e melhorar. Por isso, faça.

Eu posso cozinhar, escrever, decorar, limpar, organizar, colecionar, explorar, conhecer, fotografar, gravar, editar, passar, listar, bordar, costurar, crochetar, viajar, vestir, reformar, conversar, resolver, ensinar, preparar, resumir, anotar, construir... Olhar pra uma tela cheia de informações e, confortavelmente parado, permanecer assim enquanto vê coisas bonitas, não é nada desafiador se comparado a uma página em branco. Mas é no movimento da nossa mente e do nosso corpo que vamos nos conhecer e ser conhecidos. Mantenha-se em movimento.

📺 You’ve consumed enough. God wants you to start creating

📻 You’ve Got to Do It, Mr. Rogers

Troque doomscrolling por journaling

Assisti o vídeo dessa moça que diz ter trocado o doom scrolling por journaling. A primeira parte boa disso é que ela não precisa se preocupar em agradar ninguém. Primeiro porque ninguém vai ver e segundo porque não tem jeito errado de escrever no diário. A segunda vantagem é que com um diário você é confrontado com uma página em branco que te desafia a escrever. Ao contrário de um app, que te enche de informações e estímulos. 

Mesmo que você ache que não tem o que escrever, se desafie a escrever. Você sempre terá uma experiência pra contar ou um comentário sobre algo que aprendeu. Escrever num diário nos ajuda a nos expressarmos melhor e compreender nossos pensamentos. É quando escrevemos que conseguimos ver o que estamos pensando, comparar uma ideia com outra e entender o emaranhado infinito que tem na nossa cabeça.

📺 journal to replace doomscrolling and stay sane

Penelope Umbrico

Penelope Umbrico, 2006. Revista ZUM
“Perhaps part of the beauty of taking a picture of a sunset is that while you are doing it it’s likely that a million other people are doing it as well – at exactly the same time. I love this idea of collective practice, something we all engage in despite any artistic concern, knowing that there have been millions before and there will be millions after. While the intent of photographing a sunset may be to capture something ephemeral or to assert an individual subjective point of view–the result is quite the opposite - through the technology of our common cameras we experience the power of millions of synoptic views, all shared the same way, at the same moment. To claim individual authorship while photographing a sunset is to disengage from this collective practice and therefore negate a large part of why capturing a sunset is so irresistible in the first place.”

Ver essa coleção de fotos me lembrou das várias fotos do céu que eu tenho salvas no Instagram. No fim das contas, são todas fotos iguais as outras, com uma leve variação aqui e alí. Percebi que por mais que haja uma habilidade de enquadramento e coloração de quem tirou a foto, o ponto principal é o céu. Eu mesmo posso tirar essas fotos e me reunir com todas essas pessoas que admiram o céu comigo. Com exceção do céu de Fortaleza, que é sempre especial.

Saudade

"Falta de rede de apoio, por vezes solidão, saudade. Sentimentos comuns a quem mora longe. E leia-se "longe" qualquer lugar que não seja perto do que também é nosso. Pode ser no interior do seu Estado, pode ser na Austrália.

Sabe qual a maior dificuldade de estar longe de quem se ama? Os sinais. São muito mais claros pra quem está longe do que pra quem está, pra quem fica. Chegam de maneira abrupta, rápida

Sabe o bebê que parece não mudar tanto diante da mãe que convive, mas parece ser outra criança depois de alguns meses pra quem nunca mais o viu?

Mês passado minha mãe veio pra casa me ajudar. Eu tinha uma viagem de trabalho e queria que ela ficasse com a Manuela. Havia uns meses que não nos víamos e, mesmo quando nos vimos, era muito rápido. Sempre correndo pra uma viagem de trabalho em Fortaleza ou até mesmo louca pra ver meus amigos – principalmente aqueles que via sempre.

Dia desses, aqui em casa, quando deitamos na mesma rede, peguei na mão dela e vi o quanto estava parecida com a mão da vovó. Não era mais a mão de esmalte vermelho da mamãe de quando ela se arrumava pra ir trabalhar. Era uma mão de mais senhora, muito, muito parecida com a da vovó quando brincávamos no quintal dela e ela dava pra gente cinco reais pra comprar pão. Era a mesma mão da mamãe, mas com marcas do tempo, tempo esse que não tenho visto passar. Apenas tenho a escutado falar que tem passado. Não tenho visto, tenho apenas constatado quando passa.

Assim como o cabelo do meu pai que está finalmente todo branco. Mesmo quando ele tinha 50 anos era pouquíssimo branco, sempre dizíamos que queríamos puxar a ele. E finalmente, aos 75 anos, está completamente branco. E eu não os vi embranquecendo. Apenas vi branco, completamente branco, esse final de semana, no aniversário da minha filha.

E essa, sem dúvida, é a maior dor de quem está longe. Não ver passar, não viver a passagem. Mas apenas chegar quando tudo já está, como um susto, tantas vezes de surpresa, quando, na verdade, já chegou.

Se um dia eu volto pra ficar perto deles, eu deixo pra outro dia. É complexo. Há outras passagens de tempo por aqui e por todo lugar. Algumas iremos perder, outras viver e outras apenas chegar. Esse texto é apenas pra dizer que, conscientes do que mais dói nessa distância, seja ela qual for, que a gente sempre perceba, mesmo não tendo vivido o caminho, o que chegou, o que está. E viva, perceba, aperte a mão, beije a cabeça branca até deixar de novo e esperar, o mais perto que der, a próxima chegada."

- Mila Costa, outubro de 2024

O meu corpo

"Não tenho medo de ver os seios crescendo e nem a barriga aumentando. Embora sempre volte para esse ponto... não. Não cresce outro ser dentro de mim. Cresce eu. Não tenho vergonha de crescer. As bochechas, coxas, braços, bunda crescem. Mulheres não podem engordar, eles compactuam. Há tantos dias escuto que estou precisando de uma dieta. Acho que são é as palavras cruéis que devem ser cortadas. Minha carne não, permaneço eu. Me reconheço na mudança. Mas, confesso, ás vezes bate fundo querer voltar aos quilos da adolescência. Mas olhe pra mim: sou uma mulher, respeito meus processos. Entendo meu corpo - que não me ilude em querer estar em outro. Me vejo cada vez mais forte. Entristeço com as roupas que tenho apego emocional. Elas não cabem mais em mim. Ou oposto. Eu não me adequo a elas, a eles, aos outros. Me encaixo em mim.

Relaxe, seu corpo se transforma.

Seu corpo te transforma. Esteja disposta a ser você, seja como você seja ou esteja sendo."

- Brenda Louise, Novembro de 2018

Espelho, espelho meu...

Grace Miceli, 2019

Interior

Na primeira vez que fui no Juazeiro do Norte, uma das coisas que mais gostava de fotografar eram as casinhas simples de interior. Pintadas de cal, eram todas em tons pasteís, variando as combinações aqui e ali, mas sempre as mesmas cores de casa de boneca. A arquitetura sempre igual de porta e janelinha, só mudava quando a casa era mais antiga e tinha as clássicas decorações na parte de cima. Como eu tava sempre em movimento, andando de carro, mal consegui parar pra tirar fotos melhores. Descobri que uma fotógrafa brasileira, Anna Mariani, viajou pelo Nordeste na década de 80 fotografando essas casinhas. Acredite se quiser, as fotos dela foram expostas numa famosa galeria de Paris. Uau! De onde essa galera no meio do interior tirou inspiração? Adoraria descobrir.


fonte 1. fonte 2. fonte 3.

Frannerd

Em 2018, a ilustradora Frannerd postou um vlog mostrando como fez uma coleção de roupas exclusiva pra ela mesma. Ela comprou várias blusas no brechó e ilustrou cada uma delas com seus próprios desenhos. Além dos desenhos dela serem fofos e super divertidos, eu fiquei fissurada nas camisetas porque elas pareciam pequenas obras de arte que ela iria vestir por aí. Na época eu também tava super epolgada com a ideia de comprar menos roupa, e a ideia de customizar roupas de brechó me pareceu genial. Ainda acho o máximo!
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📷 T-shirts.

Reflexos

"We were never meant to see our own faces, just blurred reflections in water. Until mirrors were invented, then cameras, then social media. We now see millions of faces every single day to compare ourselves to. But the difference is other people do not study your face like you do, they see you in moments and laughter. You are not an image. You are an experience"

- Jaycie's diary

Savings

Sempre que eu penso em mais alguma coisa pra comprar, eu lembro dessa frase que eu vi na casa da Ash Murad... "I have plenty". Quando essa frase não é suficiente, lembro de outra do James Joyce: "Tudo é caro quando não é necessário". Finalmente, se eu ainda quiser gastar no que não preciso, lembro de um versículo de Isaías: "Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz?". Preciso de muito pensamento positivo pra deixar de ser consumista! 

Exercício

Esses dias vi a entrevista de um famoso professor que há anos pesquisa sobre o câncer e fiquei impactada quando ele disse que nosso estilo de vida parece ter sido planejado pra ficarmos doentes. Entre críticas a nossa dieta, hábitos de sono e isolamento, ele acredita que estamos levando nosso corpo ao limite todos os dias. Mesmo sendo uma máquina tão poderosa, uma hora ela colapsa. Eu não trabalho mais fora, nem tenho costume de ir a academia ou praticar esportes, então estou mais sedentária e  preguiçosa a cada dia. Pelo que entendi da entrevista, é exatamente essa inércia que faz o corpo parar de queimar energia e pôr pra fora o que não deveria ter entrado. Fiquei pensando em como eu poderia incluir atividade física na minha rotina, sem precissr recorrer a uma monótona e depressiva esteira de academia. A resposta eu encontrei em um livro da Maria Montessori, pasmem!

"Sweeping the floors, changing the water in the flower vases, putting the little tables back in order, making the beds, setting the table for dinner, all these rational activities that organize are physical exercise. Anyone who has had to do housework and has experienced the subsequent fatigue knows how much movement is necessary to complete it. Specially today, people talk a great deal about the necessity for gymnastics and physical exercise. Here then are some exercise. Not the usual mechanical ones, but those that can be done for a good reason" - The child in the family, Maria Montessori

Como nunca pensei nisso? Nada me deixa mais cansada do que uma bela faxina. O sobe e desce pra tirar a poeira dos móveis ou o vai-e-vem pra varrer o chão às vezes é suficiente pra deixar a gente suado e tudo. Claro que não é uma atividade intensa, mas com certeza é suficiente pra manter a gente ativo em casa.

Reanimando cabelos cacheados

Toda mulher de cabelo cacheado sabe como é difícil ter que lavar o cabelo sempre que precisa dar uma arrumada melhor nos cachos. Por mais que tentemos todos os truques na hora de dormir, o cabelo sempre amanhece amassado e assanhado, e não tem pente que dê jeito. O jeito é fazer uma revitalização: borrifar o cabelo com água, passar um creme de pentear e definir de novo os cachos. O problema disso é que pra umedecer meu cabelo todo eu preciso de muitas borrifadas e uma meleca imensa de água e creme. Até que tive a ideia nada genial de umedecer o cabelo no banho e ainda no chuveiro passar o creminho. Quando saio, basta secar e modelar os cachos com a toalha mesmo e voilá! Meus cachos estão alegres novamente!

Esteira

Esses dias, antes de dormir, tive aquele momento de reflexão em que a gente deseja mudar nossa vida completamente. Aprender novos idiomas, se exercitar, comer melhor, limpar a casa, gastar menos, fazer um curso... Sei lá, a lista vai ao infinito. O que me fez pensar nisso foi perceber como meu corpo não está tão mais resistente quanto antes. Provavelmente, uma mistura de anos de sedentarismo, um parto e a idade, o fim dos vinte e poucos. Sempre fui a pessoa que odeia academia, que não se imagina numa maratona e que acha essa coisa de fazer atividade física muito sem graça, que deve haver algo melhor pra se fazer. Por algum motivo que nenhum coach sabe explicar, finalmente tive a motivação de pôr uma roupa de academia e ir andar na esteira. Se não estivesse tão frio, eu preferiria sair pra caminhar, porque gosto demais de passear. Para minha surpresa, gostei demais! Não me senti um hamster na gaiola, como eu pensava que seria. Senti meu corpo animado, empolgado de estar sendo movimentado e usando um pouco da sua capacidade. Acho que a endorfina realmente é liberada quando nos exercitamos, eu adorei. Tô animadíssima pra ir de novo.

BK

Pra iniciar o ano, fomos almoçar no Burger King, um dos fast-foods que a gente mais gosta e que é super raro aqui na nossa cidade. Fomos com uma super expectativa de comer um mega whopper num restaurante que nos lembrasse da nossa época de ouro em 2012 passeando nos shoppings de Fortaleza. Infelizmente, não foi como imaginamos. O hambúrguer parecia ter sido feito por um funcionário que não estava feliz de trabalhar no primeiro feriado do ano, mas ainda gostoso. O local foi reformado e o estilo colorido foi substituído por um estilo moderno, minimalista e sem graça. O que salvou foi a música ambiente: um série de sucessos de 2012! Nosso almoço nostálgico foi salvo. Mas foi o suficiente, acho que esse será o primeiro e único BK do ano.

Feliz ano novo!


Uma das minhas resoluções de ano novo pra 2025 é escrever mais sobre o que vivi ao longo do ano. Enquanto eu fazia a retrospectiva de 2024, percebi que mal lembrava de várias coisas legais que fiz nesse ano. Foi olhando as fotos no celular que lembrei de dias especiais que se perderam no meio de datas mais memoráveis, como o nascimento da Mimi! Como fiquei feliz de relembrar desses dias comuns! A Rebeca falou que a mesma coisa aconteceu com ela, que só quando ela deu uma olhada nas fotos desse ano que ela relembrou de muitos dias preciosos. Eu costumo escrever diariamente sobre meu dia, meus sentimentos, meus dramas... Chega o fim da página e não sobra espaço pra falar do dia que comprei Kit Kats japoneses em Canmore, ou do último dia de verão que a gente passeou com a Mimi no bairro, ou da vez que a gente fez pizza caseira pela primeira vez. Por mais que às vezes eu questione a utilidade ou a importância de um blog, acredito que seja um lugar ótimo pra escrever sobre dias assim.

O primeiro dia especial desse ano foi a virada, que foi a mais inusitada de todas, pois eu estava com minha filhinha! Nossa igreja organizou um banquete - sério, era um banquete mesmo, tinha até queijo brie e cream cheese de damasco de entradinha, coisa fina. A maioria dos nossos amigos estavam lá, teve um louvor super animado, uma palavra sobre o amor de Deus que nunca muda, e uma comemoração na virada bem brasileira cheia de animação e abraços. E uma vaia cearense da minha parte. Foi tão legal! Fazia muitos anos que eu não celebrava o ano novo assim.

As músicas que a gente cantou foram: Because He Lives, Great Things do Phil Wickham, Holy Forever, Every Step do City Alight e This is Amazing Grace do Phil Wickham. O versículo que o pastor leu foi Romanos 8:28. As músicas e a palavra me fizeram lembrar de algo que o Darrow Miller falou: a ressureição de Jesus foi transformadora, porque tirava dos discípulos o medo da morte. O que quer que aconteça na vida de um cristão, jamais vai separá-lo do amor de Deus. A morte foi tragada em vitória! Que reflexão poderosa para começar o ano.

Pra terminar, fomos pra casa sob uma tempestade de neve forte e silenciosa. Curiosa pra saber o que essa cena de abertura diz sobre esse novo ano. Feliz ano novo!